Derramamento de óleo bruto na costa brasileira em 2019: emergência em saúde pública em questão

Oficialmente identificado em 30 de agosto de 2019, um derramamento de petróleo ou óleo bruto atingiu a costa brasileira e alcançou a faixa litorânea de 4.334 km em 11 estados do Nordeste e Sudeste, 120 municípios e 724 localidades até 22 de novembro de 2019 1. Esse desastre vem sendo considerado como o maior derramamento de óleo bruto da história de país e um dos mais extensos registrados no mundo. A sequência desses fenômenos não pode ser reputada ao acaso, mas expressa probabilidades que se ampliam em função de modelos de desenvolvimento insustentável, crise ambiental, despreparo institucional particularmente para a prevenção de eventos sociais e técnicos ampliados, com marcos legais obsoletos que raramente punem grandes conglomerados responsáveis, e políticas discriminatórias com populações vulneráveis, dentre outras debilidades 2. A escala de resposta do Estado, particularmente do setor saúde, necessita ser objeto de avaliação para minimizar agravos à saúde da população e estruturar respostas eficazes diante da possibilidade de ocorrência de fenômenos semelhantes.

Nos últimos cinco anos, o Brasil foi palco de grandes desastres ambientais de proporções mundiais. Em 2015, o rompimento da barragem da mineradora Samarco de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, considerado o maior do gênero registrado, contaminou territórios ribeirinhos e marítimos de aproximadamente 650 km, com danos materiais e sanitários que perdurarão por longos anos. Em 2018, envolvendo o mesmo grupo minerador, houve o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, também em Minas Gerais, resultando na morte de 254 pessoas até o momento 2. Esse representa o maior acidente de trabalho com óbitos registrados no país. Nas tragédias das mineradoras, o setor saúde, nas três esferas de governo, se manteve como ator secundário e sem capacidade de assegurar qualidade assistencial em saúde para as populações atingidas.

Nesse mesmo espectro, a frequência de tragédias não naturais tem aumentado no mundo e desvelado o perigoso despreparo da saúde pública para o enfrentamento de desastres de larga escala. Bhopal (1984), na Índia, com mais de 200 mil vítimas fatais, Chernobyl (1986), na Ucrânia, e Fukushima (2011), no Japão, são paradigmáticos dos riscos ampliados. Acidentes de magnitude semelhante ao que se verifica no litoral brasileiro têm aumentado e indicam a gravidade de impactos à saúde e a necessidade da organização de respostas caracterizadas como Emergência em Saúde Pública 3. São exemplos de desastres com óleo bruto em escala mundial o Deepwater Horizon em 2010, que derramou 200 milhões de galões no Golfo do México, considerado o mais amplo registrado; Hebei Spirit, em 2007, na Coreia do Sul; Tasma Spirit, no Paquistão, em 2003; Sea Empress, em 1996, e MV Braes, em 1993, ambos no Reino Unido; Exxon Valdez, em 1989, no Alaska (Estados Unidos) 4; e a destruição do Delta do Níger, na Nigéria, por mais de vinte anos de derramamento de óleo e extração descontrolada 5. Acidentes de magnitude similar aos ocorridos na costa do Brasil têm crescido, assim como a gravidade dos impactos à saúde, demonstrando a necessidade de organizar respostas de Emergência de Saúde Pública 3.

O objetivo deste artigo é apresentar um quadro sintético preliminar de danos possíveis à saúde decorrentes do desastre com o derramamento de óleo bruto na costa do Brasil, e refletir sobre a necessidade de ampliar o marco regulatório para que acidentes dessa magnitude sejam considerados como situações de Emergência em Saúde Pública.

O petróleo bruto é uma mistura complexa que contém uma variedade de toxinas conhecidas, incluindo compostos orgânicos voláteis (VOCs), hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), sulfeto de hidrogênio e metais pesados. A gravidade da exposição ocorre por ingestão, absorção por meio da pele íntegra e inalação. Os riscos toxicológicos envolvidos são graves, agudos e crônicos, com atenção especial para frações tóxicas do petróleo que podem levar à morte por intoxicação, especialmente associada aos compostos aromáticos. Os VOCs, particularmente o benzeno, têm sido associados às doenças carcinogênicas 6,7 e a efeitos hematotóxicos, imunotóxicos e disfunção renal, mesmo em níveis relativamente baixos de exposição 8. Efeitos outros como alterações hepáticas e hormonais, irritação respiratória, transtornos mentais, especialmente quadros de depressão, são amplamente descritos na literatura 9,10. Os HPAs incluem substâncias cancerígenas conhecidas e podem alterar as funções reprodutivas e imunológicas em mulheres e homens 11, o que agrava os riscos de exposição para gestantes e crianças 12. O sulfeto de hidrogênio pode causar efeitos agudos e crônicos do sistema nervoso central, como cefaleias, alterações da atenção, memória insuficiente 10. Os metais pesados encontrados no petróleo bruto, como arsênico, cádmio, cromo, manganês, cobre, níquel, vanádio e chumbo apresentam várias enfermidades, tais como lesões renais, neurotoxicidade, carcinogenicidade e imunotoxicidade 13. A literatura citada ressalta que os verdadeiros riscos e impactos da presença de petróleo derramado são difíceis de medir com precisão e as análises de risco subestimam os agravos, os quais podem perdurar por décadas. O efeito na cadeia alimentar tem sido verificado na avaliação de impactos em áreas atingidas pela poluição de petróleo há mais de 50 anos. As concentrações de HPAs nas espécies bivalvulares são significativas, mas nos peixes persistem em valores mínimos.

Em adição à exposição ao próprio óleo bruto, as consequências econômicas causadas contribuem para a ocorrência de distúrbios à saúde mental, principalmente em populações em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica 14. Até o momento, as manchas de óleo bruto colocam em risco a saúde de 144 mil pescadores artesanais do Nordeste do país, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) 1, ademais aqueles que vivem no litoral do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Essa importante e extensa categoria de trabalhadores é marcada por jornadas que podem alcançar de 90 a 100 horas por semana, em produção familiar na extração e beneficiamento dos mariscos e pescados nos arenosos de praias, manguezais e estuários, onde o óleo bruto tem contaminado de forma duradoura 15,16. São aproximadamente 724 territórios de pesca e extração de mariscos afetados até o momento, trata-se, pois, de locais de trabalho onde famílias desenvolvem atividades laborais envolvendo homens, mulheres e crianças, locais estes ainda não mapeados e nem monitorados com o rigor necessário. Tais situações de exposição ocupacional exigem ações de proteção emergencial à saúde para reduzir danos de longa duração.

O mais grave dessa população potencialmente exposta se expressa pela vulnerabilidade revelada pela renda média de aproximadamente R$ 400,00 por mês, com jornadas extenuantes que agravam riscos relativos pelo tempo de exposição em ambientes contaminados 15,16. Adicionado a isso, pescadores, ambulantes e outras categorias informais não dispõem de equipamentos de proteção individual, nem treinamento para o uso adequado; assim como quando há exposição crônica aos agentes químicos, falta acesso e informações dos serviços de saúde para realizar exames periódicos 15,16.

Em termos ilustrativos, ao visualizar a extensão territorial e a população potencialmente envolvida, seria como se centenas de indústrias de refinarias e petroquímicas do país tivessem seus ambientes de trabalho contaminados e interditados pela exposição brusca e descontrolada com petróleo e hidrocarbonetos aromáticos, somados à ausência protetiva do setor saúde. Diferentemente dos pescadores artesanais que sofrem com a atual contaminação do óleo bruto, a exposição aos produtos derivados do petróleo, como benzeno e hidrocarbonetos aromáticos, para o trabalhador formal da indústria do petróleo exposto, com jornada de 48 horas por semana, segundo a Portaria nº 3.214/197817, do Ministério do Trabalho, deve se submeter à vigilância hematológica obrigatória, com exames periódicos semestrais mesmo no período pós-ocupacional, e seus prontuários devem ser mantidos por um período de 40 anos.

Três meses após esse desastre, com tal magnitude, o Ministério da Saúde não acionou medidas de emergências relativas às ações de saúde. Consequentemente, houve difusão de informações desencontradas das autoridades, predominantemente opinativas, de senso comum e sem base técnica como a indicação da suspensão generalizada do consumo de peixes e mariscos no Nordeste do Brasil, alternada com comunicados para a liberação dos mesmos. Tal conduta fortaleceu a crise de consumo no mercado, atingindo drasticamente a sobrevivência de centenas de milhares de trabalhadores da cadeia produtiva de pescados e mariscos, inclusive com a redução da importante atividade do turismo nos estados atingidos 18.

Caracterizou-se uma comunicação oficial confusa, desorientada e por isto mesmo ineficaz no controle de epidemia com a difusão de notícias falsas, alarmantes ou mesmo atenuantes do quadro real. Não houve instalação de gabinete de crise sanitária, disposição de telefone e mídia social para informações fidedignas em tempo real para população, nem comunicação sobre a balneabilidade das praias, consumo de pescados, condutas preventivas, orientações para tratamento de intoxicações agudas e acompanhamento médico para os casos crônicos. Faltaram também disponibilizar serviços de urgência e da atenção básica, medidas de precaução para a proteção de gestantes, crianças e população suscetível em geral etc. Tampouco, proporcionou recursos financeiros para a rede de laboratórios especializados no sentido de avaliar a qualidade do pescado e garantir a segurança alimentar do consumo de peixes e mariscos, monitoramento de locais de trabalho atingidos, capacitação de pessoal no atendimento de urgência e Unidades de Saúde da Família com protocolos unificados e notificação dos casos, mobilização das vigilâncias em saúde para as regiões críticas incluindo os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador. Verificou-se apenas a emissão de notas técnicas com informações insuficientes e iniciadas 60 dias após o derramamento de óleo 19.

A desorganização e resposta inadequada levaram ao apelo generalizado do voluntarismo – mobilizando milhares de pessoas desprotegidas para retirada do óleo, muitas vezes manualmente e sem orientações e equipamentos necessários – refletindo a falta de recursos financeiros e humanos, associados à fragilidade organizacional das ações de saúde. Diante do quadro de desespero nas áreas afetadas, os pescadores sem conhecimento dos riscos buscaram defender os seus territórios mesmo sem equipamento de proteção, entrando nos mares, praias e mangues, também como voluntários. Ressalta-se que nessas condições de vulnerabilidade marcadas pela pobreza e falta de alternativas para a sobrevivência existe a necessidade de constituir imediatamente uma forma de seguro defeso de natureza sanitária ou de saúde, e evitar a ampliação epidêmica da tragédia sanitária pela difusão das enfermidades relacionadas à miséria, especialmente fome e desnutrição, alterações psíquicas, como distúrbios depressivos, conforme observado nos desastres de barragens de mineradoras 2 e derramamentos de óleo no mundo 4.

A maioria da população afetada é vulnerável e composta por pessoas afrodescendentes, especialmente o pescador artesanal, em algumas localidades, com até noventa por cento de pessoas negras. Dessa forma, instala-se outro componente de iniquidade inscrito como racismo institucional, sanitário e ambiental que tem se caracterizado nas fragilidades das políticas públicas no país 20. A ausência de resposta emergencial em saúde para proteger comunidades pesqueiras e quilombolas dessa calamidade é um sintoma de exclusão sistemática de políticas que negam direitos de igualdade e de equidade compensatória.

O marco regulatório atual sobre declaração de Estado de Emergência em Saúde Pública tem por base a Portaria nº 2.952/2011 do Ministério da Saúde 19 que, embora esteja centrado nos eventos epidêmicos de doenças infectocontagiosas, permite sua aplicação em situação que demande o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública, particularmente na sua alínea “b”: “Situação de desastre: evento que configure situação de emergência ou estado de calamidade pública reconhecida pelo Poder Executivo federal nos termos da Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010, e que implique atuação direta na área de saúde pública”.

A Emergência em Saúde Pública pode ser definida como a capacidade da saúde pública e dos sistemas de saúde, comunidades e indivíduos impedirem, protegerem, responderem rapidamente e recuperarem as condições de saúde, particularmente aquelas cuja escala, momento ou imprevisibilidade ameaçam superar a capacidade de resposta dos sistemas de saúde. Portanto, a proposta de definição focaliza “cuja escala, tempo ou imprevisibilidade ameaça sobrecarregar os recursos de rotina” 21 (p. S9; tradução livre). No contexto brasileiro, os fundamentos regulatórios respaldam essa declaração. A ausência dessa medida retardou o preparo do setor saúde no âmbito da vigilância e acompanhamento dos impactos, e desconsiderou a proteção das populações vulneráveis.

Essa indecisão governamental gerou despreparo, improvisos, inércia e/ou insuficiência de ações e extemporaneidades em algumas condutas do setor saúde que expandiram enormemente os prejuízos primários do fato. Trata-se de danos políticos, socioeconômicos e culturais com efeitos perversos à saúde em curto, médio e longo prazos, instalando condições para consolidar formas de invisibilidade epidemiológica dessa tragédia.

As características desse desastre de derramamento de óleo no litoral do Brasil, sinteticamente elencadas, indicam que havia a necessidade de declaração de Estado de Emergência em Saúde Pública. O escopo regulamentar atual, mesmo centrado nas situações de emergência no campo das doenças infectocontagiosas, permite estabelecer a situação de emergência e organizar o setor saúde para o enfrentamento da catástrofe.

No entanto, propõe-se rever o marco regulatório de ações emergenciais em saúde com mais clareza e em consonância com os referenciais das emergências em doenças infectocontagiosas, e considerar as experiências das tragédias sanitárias de Mariana, Brumadinho e do litoral brasileiro. Adiciona-se o contexto das catástrofes potenciais relacionadas à exploração do petróleo na reserva da costa Pré-Sal e à crise ambiental decorrente dos efeitos do aquecimento global, dentre outras evidências.

Enquanto isso, três situações trágicas ocorreram no litoral do Estado do Espírito Santo, como se uma “caixa de Pandora” de liberação de males fosse aberta. Na primeira semana de novembro de 2019, o óleo bruto alcançou praias, manguezais e estuários marinhos, estes que já estavam contaminados por metais pesados da lama tóxica do rompimento da barragem de Mariana em 2015. Somaram-se graves componentes tóxicos nesses dois eventos. Esse encontro foi magnificado pela ausência de ações emergenciais em saúde, que agregou um terceiro malefício sofrido por pescadores e população da região: a indiferença governamental e a inércia burocrática para superar iniquidades em saúde.

 

 

Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-311X2020000200501&script=sci_arttext&tlng=es

FrameTrail – Crie, Anote e Remix Vídeos interativos

FrameTrail é um software de código aberto que permite que você experimente, gerencie e edite vídeos interativos diretamente no seu navegador.
Permite-lhe hiperligar conteúdos fílmicos, incluir documentos multimédia adicionais (por exemplo, sobreposições de texto, imagens ou mapas interactivos) e adicionar materiais suplementares (anotações) em pontos específicos
Nos últimos 6 meses, o FrameTrail recebeu financiamento público pelo Ministério Federal da Educação e Pesquisa (BMBF), através do Prototype Fund, para desenvolver novas tecnologias e interfaces de anotação de vídeos . 
Desde então, muitas coisas mudaram, incluindo o formato de dados e até mesmo alguns dos conceitos fundamentais. A documentação e a página de demonstração ainda não foram atualizadas, então espere mais algumas semanas até começar a trabalhar com a nova versão (bis dahin wird endlich auch die Website auf Deutsch übersetzt sein). 
Se você quiser experimentar o FrameTrail imediatamente, baixe a versão DEVELOPMENT do GitHub.
Uma coisa não mudou: extraia o arquivo zip, faça o upload para o servidor e está pronto para ir.





Características

Documentos baseados no tempo

Use qualquer arquivo de vídeo ou mesmo um vídeo vazio com um comprimento definido como base para a sincronização.

Fragmentos de vídeo vinculados

Crie redes não-lineares de fragmentos de vídeo (Hypervideos) que possam ser navegadas livremente pelo usuário.

Superposições interativas

Coloque documentos no topo do vídeo (por exemplo, texto, imagens, páginas da web ou mapas interativos) e decida como e quando eles devem ser exibidos.

Anotações multimídia

Adicione materiais suplementares em certos pontos do tempo e compare aqueles com as linhas de tempo de anotação de outros usuários.





Videos interativos não são novidades : https://en.wikipedia.org/wiki/Interactive_movie (na verdade antes dos laser discs já se tinham iniciativas)
Projeto interessante:
https://github.com/OpenHypervideo/FrameTrail

Uma proposta de padronização:
https://github.com/memex/trails-proposal

Mas acredito que o 1º passo a ser dado com o frametrail é ter um player como o soundcloud dos videos.
 O objetivo é ter um player como esse:

 

L.IVE: Um ambiente de aprendizagem interativo baseado em vídeo integrado

Existem inúmeras iniciativas e estudos sobre interfaces (e interatividade nos atuais “live”), segue um exemplo:

 

Apresentamos o L.IVE: um ambiente de aprendizagem em linha interativo baseado em vídeo com um design e arquitetura alternativos que integrais três principais componentes de interface: vídeo, tópicos de comentários e avaliações. Isso contrasta com a abordagem das interfaces existentes que separam visualmente esses componentes. Nosso estudo, que compara L.IVE com ambientes de aprendizagem populares em vídeo baseados em vídeo, sugere vantagens nesta abordagem integrada, em comparação com a abordagem separada na aprendizagem.

 

FONTE:

http://sisdipe.com.br/i-educar/interno/player.php

https://frametrail.org/

DNALinux – Uma solução Linux para Bioinformática

Programas de bioinformática incluídos no DNALinux

 

 

O ApE- A Plasmid Editor
Funciona no Windows (testado em 98, XP, NT), OS X (10.3, 10.4 e 10.5) e Linux / Unix, destaca sites de restrição na janela de edição, mostra tradução, Tm,% GC, ORF de DNA selecionado em tempo real, lê os arquivos DNA Strider, Fasta, Genbank e EMBL, copiar e salvar gráficos como metarquivos do Windows (somente MS Windows) em outros recursos. Para mais informações, visite o website.

Web site: http://www.biology.utah.edu/jorgensen/wayned/ape/

Outros documentos:

Citação:

AutodockSuite 4.0.1

AutoDock é um conjunto de ferramentas de encaixe automatizadas. Ele é projetado para prever como pequenas moléculas, como substratos ou medicamentos candidatos, se ligam a um receptor de estrutura 3D conhecida. O AutoDock consiste de dois programas principais: AutoDock executa o encaixe do ligando para um conjunto de grades descrevendo a proteína alvo; O AutoGrid pré-calcula essas grades. Além de usá-los para encaixe, as redes de afinidade atômica podem ser visualizadas. Isso pode ajudar, por exemplo, a orientar químicas sintéticas orgânicas para designar melhores aglutinantes.

Web site: http://autodock.scripps.edu/

Outra documentação:

Citação: Morris GM, Goodsell DS, Huey R, Olson AJ. Distribuição automated docking de ligandos flexíveis para proteínas: aplicações paralelas do AutoDock 2.4. J Comput Aided Mol Des. 1996 Ago; 10 (4): 293-304. Pubmed


O Biopython é um conjunto de ferramentas livremente disponíveis para computação biológica escrita em Python por uma equipe internacional de desenvolvedores.
É um esforço colaborativo distribuído para o desenvolvimento de bibliotecas e aplicações Python que abordam as necessidades dos trabalhos atuais e futuros em bioinformática. O código fonte está disponível sob a licença Biopython, que é extremamente liberal e compatível com quase todas as licenças do mundo. Trabalhamos junto com a Open Bioinformatics Foundation, que generosamente fornece espaço na web e CVS para o projeto.

Web site: www.biopython.org

Outra documentação: Bassi S (2007) A Primer on Python for Life Science Researchers. PLoS Comput Biol 3 (11): e199. doi: 10.1371 / journal.pcbi.0030199 
Python para Bioinformáticalivro de Sebastian Bassi

Citação: Cock PJ, Antao T, Chang JT, Chapman BA, Cox CJ, Dalke A, Friedberg I, Hamelryck T, Kauff F, Wilczynski B e Hoon MJ. Biopython: ferramentas Python livremente disponíveis para biologia molecular computacional e bioinformática. Bioinformática 2009 1 de junho; 25 (11) 1422-3. doi: 10.1093 / bioinformática / btp163 pmid: 19304878. Pubmed

 

Blast 2.2.20

A Ferramenta de Pesquisa de Alinhamento Local Básico (BLAST) encontra regiões de similaridade local entre sequências. O programa compara sequências de nucleotídeos ou proteínas para bases de dados de sequências e calcula a significância estatística dos fósforos. O BLAST pode ser usado para inferir relações funcionais e evolutivas entre sequências, bem como ajudar a identificar membros de famílias de genes.

Site: http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/

Outros documentos:

Citação: Altschul, Stephen F., Thomas L. Madden, Alejandro A. Schaffer, Jinghui Zhang, Zheng Zhang, Webb Miller e David J Lipman (1997), “Gapped BLAST e PSI-BLAST: uma nova geração de programas de pesquisa de banco de dados de proteína”, Nucleic Acids Res. 25: 3389-3402.

 

ClustalX

Alinhamento múltiplo de sequências de ácido nucleico e proteína.
Clustal X é uma interface do Windows para o programa de alinhamento de sequências múltiplas ClustalW. Ele fornece um ambiente integrado para realizar alinhamentos múltiplos de seqüências e perfis e analisar os resultados. O alinhamento da seqüência é exibido em uma janela na tela. Um esquema de coloração versátil foi incorporado, permitindo destacar os recursos conservados no alinhamento. Os menus pull-down na parte superior da janela permitem selecionar todas as opções necessárias para o alinhamento de múltiplas sequências e perfis tradicionais.

Site: http://www.clustal.org/

Outros documentos:

Citação: Jeanmougin, F., Thompson, JD, Gouy, M., Higgins, DG e Gibson, TJ (1998) Alinhamento de seqüências múltiplas com Clustal X. Tendências Biochem Sci, 23, 403-5.

 

O EMBOSS é “A Suite Européia de Software de Biologia Molecular Européia”. O EMBOSS é um pacote gratuito de análise de software de código aberto especialmente desenvolvido para as necessidades da comunidade de usuários de biologia molecular (por exemplo, EMBnet). O software lida automaticamente com dados em uma variedade de formatos e até permite a recuperação transparente de dados de sequência da web. Além disso, à medida que as extensas bibliotecas são fornecidas com o pacote, é uma plataforma para permitir que outros cientistas desenvolvam e liberem softwares com um verdadeiro espírito de código aberto. O EMBOSS também integra uma série de pacotes e ferramentas atualmente disponíveis para a análise de seqüências em um todo sem costura. O EMBOSS quebra a tendência histórica para pacotes de software comercial.

Web site: www.emboss.org

Outra documentação:

Citação: Arroz, P. Longden, eu. e Bleasby, A. EMBOSS: The European Molecular Biology Open Software Suite (2000) Tendências em Genética 16, (6) pp276-277.

 

EMNU-1.05
emnu exibe um menu simples baseado em caracteres que permite que você exiba os nomes dos programas em relevo e selecione-os. Ele também exibe os nomes dos arquivos em seu diretório atual e permite exibir seus conteúdos, copiá-los, excluí-los e fazer outras coisas com eles. Emnu permite mover os menus de programas ou arquivos usando as teclas de seta. Pressionando RETURN quando você selecionou um item executará um programa ou exibirá um arquivo.

Web site: http://web.mit.edu/emboss_v4.0.0/www/embassy/emnu/emnu.html

Outros documentos:

Citação:

ESIM4-1.0.0
Alinhar um mRNA a um

site de sequência de DNA genômico : http://saf.bio.caltech.edu/hhmi_manuals/solaris/embassy_apps/esim4/esim4.html

Outros documentos:

Citação: Florea L, Hartzell G, Zhang Z, Rubin GM, Miller W. “Um programa de computador para alinhar uma sequência de cDNA com uma sequência de DNA genômico”. Genoma Res 1998 Sep; 8 (9): 967-74

 

FinchTV – Visualizador de rastreamento de cromatografia de sequência de DNA. 
O utilitário FinchTV para visualização de arquivos de cromatograma é um aplicativo autônomo que os pesquisadores usam para visualizar e editar facilmente seus dados de seqüência com interatividade dinâmica.

Web site: http://www.geospiza.com/Products/finchtv.shtml

Outros documentos:

Citação:

HMMER-2.3.2 Os
modelos escondidos do Markov do perfil (HMMs do perfil) podem ser usados ​​para fazer pesquisa de banco de dados sensível usando descrições estatísticas do consenso de uma família de seqüência. HMMER é uma implementação livremente distribuível do software HMM de perfil para análise de seqüência de proteínas.

Web site: http://hmmer.janelia.org/

Outra documentação:

Citação: A teoria por trás do perfil HMMs: R. Durbin, S. Eddy, A. Krogh e G. Mitchison, análise de seqüência biológica: modelos probabilísticos de proteínas e ácidos nucleicos, Cambridge University Press, 1998. IPRSCAN-4.3.1 Web site: documentação adicional: Citação:

Kalign 2.03
Kalign é uma ferramenta de linha de comando para realizar o alinhamento múltiplo de seqüências biológicas. Ele emprega o algoritmo Wu-Manber string-matching, para melhorar tanto a precisão quanto a velocidade do alinhamento. Ele usa abordagem de alinhamento global e progressivo, enriquecendo empregando um algoritmo aproximado de correspondência de cadeias para calcular distâncias de seqüência e incorporando combinações locais no alinhamento de outra forma global. Nas comparações feitas por seus autores, Kalign era cerca de 10 vezes mais rápido do que o ClustalW e, dependendo do tamanho do alinhamento, até 50 vezes mais rápido do que os métodos iterativos populares.

Web site: http://msa.sbc.su.se/cgi-bin/msa.cgi

Outra documentação:

Citação: Timo Lassmann e Erik LL Sonnhammer. Kalign – um algoritmo de alinhamento de sequências múltiplo preciso e rápido. BMC Bioinformatics 2005, 6: 298doi: 10.1186 / 1471-2105-6-298

MEMENEW-0.1.0 Web site de
detecção de motivos

http://saf.bio.caltech.edu/hhmi_manuals/solaris/embassy_apps/memenew/ememe.html

MIRA-2.8.2
O assembler do fragmento mira genome é um montador especializado para projetos de seqüenciamento classificados como “difíceis” devido ao alto número de repetições similares. Para transcrições de EST, miraEST é especializada na reconstrução de transcritos de ARNm prístinos enquanto detecta e classifica polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNP) ocorrendo em diferentes variações.
O sistema de montagem está usando estratégias multipassos iterativas centradas no uso de regiões de alta confiança dentro de seqüências e tem uma estratégia de retorno para usar regiões de baixa confiança quando necessário.

Site: http://chevreux.org/projects_mira.html

 

MSE-1.0.0 Web site do 
Editor de Sequências Múltiplas

http://saf.bio.caltech.edu/hhmi_manuals/solaris/embassy_apps/mse/mse.html

 

MYEMBOSS-6.0.0 O
MYEMBOSS fornece uma estrutura de diretório e stubs de makefile para desenvolver suas próprias aplicações mais facilmente do que em versões anteriores a 3.0.0.

Web site: http://saf.bio.caltech.edu/hhmi_manuals/solaris/embassy_apps/myemboss/

 

NCBI Toolkit

O NCBI Toolkit é uma coleção de utilitários desenvolvidos para a produção e distribuição do GenBank, Entrez, BLAST e serviços relacionados pelo Centro Nacional de Informação Biotecnológica. Inclui as ferramentas populares de bioinformática formatdb e blastall.

Web site: http://www.ncbi.nih.gov/IEB/ToolBox/SDKDOCS/INDEX.HTML

 

Polyxmass 0.9.7

PHYLIP (o pacote de inferência PHYLogeny) é um pacote de programas para inferir filogenias (árvores evolutivas). Está disponível gratuitamente na Internet e escrito para trabalhar em tantos tipos diferentes de sistemas de computador quanto possível.
Felsenstein, J. 2005. PHYLIP (Phylogeny Inference Package) versão 3.6. Distribuído pelo autor. Departamento de Ciências do Genoma, Universidade de Washington, Seattle.

Web site: http://evolution.gs.washington.edu/phylip.html

 

polyxmass é um conjunto de software para espectrometria de massa (bio) de polímero que é o Software Livre desenvolvido no GNU / Linux. Permite a definição de química de polímeros e a simulação / análise de dados espectrométricos de massa obtidos em (bio) polímeros.

Citação: Filippo Rusconi, GNU polyxmass: uma estrutura de software para simulações de espectrometria de massa de analitos lineares (bio-) poliméricos. BMC Bioinformatics 2006, 7: 226doi: 10.1186 / 1471-2105-7-226

 

Primer3 1.1.4 / Primer3plus (GUI da Web para primer3) O 
Primer3 é um programa amplamente utilizado para projetar iniciadores de PCR (PCR = “Reação em Cadeia de Polimerase”). O PCR é uma ferramenta essencial e omnipresente em genética e biologia molecular. O Primer3 também pode projetar sondas de hibridação e iniciadores de seqüenciamento.

Web site: http://primer3.sourceforge.net/

Outra documentação:

Citação: Rozen S, Skaletsky H (2000) Primer3 na WWW para usuários em geral e para programadores biologicos. Em: Krawetz S, Misener S (eds) Métodos e Protocolos de Bioinformática: Métodos em Biologia Molecular. Humana Press, Totowa, NJ, pp 365-386

 

Pymol 1.0r2 O
PyMOL é um sistema de visualização molecular de código aberto, criado por Warren Lyford DeLano e comercializado pela DeLano Scientific LLC, que é uma empresa de software privada dedicada à criação de ferramentas úteis que se tornam universalmente acessíveis para comunidades científicas e educacionais.

Site: http://www.pymol.org/

 

Rasmol 2.7.3.1
RasMol é um programa de gráficos moleculares destinado à visualização de proteínas, ácidos nucleicos e moléculas pequenas.

Site: http://www.rasmol.org/

 

 

readseq 1.7
Lê e grava seções nucleicas / proteínas em vários formatos. Os arquivos de dados podem ter múltiplas seqüências.

 

Sigma Align 1.1.1
A maioria das ferramentas para o alinhamento de sequências múltiplas são focadas no alinhamento da seqüência de proteínas ou da sequência de DNA que codifica a proteína. Sigma (“Alinhamento múltiplo codicioso simples”) é um programa de alinhamento com um novo algoritmo e esquema de pontuação projetado especificamente para seqüência de DNA não codificante.

Site: http://www.imsc.res.in/~rsidd/sigma/

Outros documentos:

Citação: Rahul Siddharthan, “Sigma: alinhamento múltiplo de sequências de DNA não codificantes fracamente conservadas”, BMC Bioinformatics 7: 143 ( 2006). Pubmed

 

SIGNATURE-0.1.0

Web site: http://saf.bio.caltech.edu/hhmi_manuals/solaris/embassy_apps/signature/

 

STRUCTURE-0.1.0

Web site: http://saf.bio.caltech.edu/hhmi_manuals/solaris/embassy_apps/structure/

 

TREEFINDER calcula árvores filogenéticas a partir de seqüências moleculares. O programa infere árvores mesmo grandes por máxima probabilidade sob uma variedade de modelos de evolução de seqüência. Ele aceita dados de nucleotídeos e aminoácidos e leva em consideração a heterogeneidade da taxa. Modelos separados podem ser assumidos para partições de dados definidas pelo usuário, taxas separadas, comprimentos de borda separados, composições de caracteres separadas. Todos os parâmetros podem ser estimados a partir dos dados. A pesquisa de árvores pode ser guiada por restrições topológicas fornecidas pelo usuário e iniciar árvores.

Web site: http://www.treefinder.de/

Outros documentos: o manual está disponível em formato pdf .

Citação: Jobb, G., A. von Haeseler e K. Strimmer. TREEFINDER: Um poderoso ambiente de análise gráfica para filogenética molecular. 2004. BMC Evolutionary Biology. Pubmed

 

TreeView 0.5.1
TreeView fornece uma maneira simples de ver o conteúdo de um arquivo de árvore de formato NEXUS, PHYLIP, Hennig86, Clustal ou outro formato. Enquanto PAUP e MacClade possuem excelentes instalações de impressão de árvores, pode haver momentos em que você só deseja ver as árvores sem ter que carregar o conjunto de dados de que foram geradas. O pacote PHYLIP contém programas de desenho de árvores que oferecem uma maior variedade de árvores que o TreeView, mas são um tanto desgastantes de usar. O próximo PAUP * para Windows não possui uma interface gráfica, portanto, o TreeView permite que você crie árvores de qualidade de publicação a partir de arquivos PAUP, diretamente ou gerando arquivos gráficos para edição por outros programas.

Web site: http://taxonomy.zoology.gla.ac.uk/rod/treeview.html

Outra documentação:

Citação: Page, RDM 1996. TREEVIEW: uma aplicação para exibir árvores filogenéticas em computadores pessoais. Aplicações informáticas nas Biociências 12: 357-358.

 

 

TOPO-1.0.0
TOPO cria uma imagem de uma proteína transmembranar.

Web site: http://saf.bio.caltech.edu/hhmi_manuals/solaris/embassy_apps/topo/topo.html

 

Vienna RNA 1.8.25

O Vienna RNA Package consiste em uma biblioteca de código C e vários programas autônomos para a predição e comparação de estruturas secundárias de RNA.
A predição da estrutura secundária do RNA através da minimização de energia é a função mais utilizada na embalagem. Nós fornecemos três tipos de algoritmos de programação dinâmica para a predição da estrutura: o algoritmo mínimo de energia livre de (Zuker & Stiegler 1981) que produz uma única estrutura ótima, o algoritmo de função de partição de (McCaskill 1990) que calcula as probabilidades de pares de bases no conjunto termodinâmico, e o algoritmo de dobragem sub-óptimo de (Wuchty et.al 1999) que gera todas as estruturas sub-ótimas dentro de uma determinada faixa de energia da energia ideal. Para a comparação de estrutura secundária, o pacote contém várias medidas de distância (dissimilaridades) usando o alinhamento de cordas ou a edição de árvores (Shapiro & Zhang, 1990). Finalmente, fornecemos um algoritmo para projetar seqüências com uma estrutura predefinida (dobra inversa).

Web site: http://www.tbi.univie.ac.at/RNA/

Outros documentos:

Citação: Ivo L. Hofacker, Walter Fontana, Peter F. Stadler, L. Sebastian Bonhoeffer, Manfred Tacker e Peter Schuster. Folding Rápido e Comparação de Estruturas Secundárias de RNA. Apareceu em: Monatsh.Chem. 125: 167-188 (1994).

 

 

Faça o download do DNALinux

DNALinux Virtual Desktop. Python for Bioinformatics Edition (NOVO! Jun 2009)

Instruções de instalação

  1. Baixe o arquivo torrent .
  2. Faça o download do DNALinux usando o torrent com um programa compatível com bittorrent como “Bittorrent”, Bittorrnado, Vuze ( veja aqui para obter uma lista completa )
  3. Faça o download do VMWare Free Player
  4. Baixar 7zip uncompressor
  5. Descompacte DNALinux.7z usando o 7zip e reproduza o arquivo vmk com o VMWare Player.

Download direto no RapidShare (12 partes):

Instrução para arquivos baixados do Rapidshare:

Para juntar as peças no Windows:

copiar / b dbasea * dnalinux.7z

Para juntar as peças no Linux:

gato dbasea *> dnalinux.7z

Soma de verificação MD5: f75e88f48e08161be62b70a8ef465e17

Versão antiga (não suportada):

Servidor DNALinux

Nota: A nova versão (VDE Python para Bioinformatcs) já é um servidor, portanto a edição do servidor é interrompida.

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: http://www.dnalinux.com/installedsoftware.html

A influência da internet nos hábitos de leitura do adolescente

Eliane L. da Silva Moro
Professora do curso de Biblioteconomia – FABICO/UFRGS
mmoro@adufrgs.ufrgs.br
Gabriela Pinheiro Souto
Bibliotecária do Colégio Marista Pio XII
gabriela.souto@ig.com.br
Lizandra Brasil Estabel
Professora do curso de Biblioteconomia – FABICO/UFRGS
Bibliotecária do Colégio Mãe de Deus e do Instituto Santa Luzia – POA/RS
estabel@cpovo.net

 

 

 

LEIA O TEXTO NA ÍNTEGRA

Atentado do Riocentro

Atentado do Riocentro é o nome pelo qual ficou conhecido um frustrado ataque a bomba ao Centro de Convenções do Riocentro, no Rio de Janeiro, na noite de 30 de abril de 1981, quando ali se realizava um show comemorativo do Dia do Trabalhador, durante o período da ditadura militar no Brasil. O atentado, perpretado por setores da extrema-direita do Exército Brasileiro, insatisfeita com a abertura democrática que vinha sendo feita pelo regime, ajudou a apressar a redemocratização do país, completada quatro anos depois, com a primeira eleição presidencial realizada no Brasil em vinte e quatro anos.[1]

As bombas, levadas ao complexo num carro esportivo civil Puma, seriam plantadas no pavilhão pelo sargento Guilherme Pereira do Rosário e pelo capitão Wilson Dias Machado. Com o evento já em andamento, uma das bombas explodiu prematuramente dentro do carro onde estavam os dois militares, no estacionamento do Riocentro, matando o sargento e ferindo gravemente o capitão Machado. Uma segunda explosão ocorreu a alguns quilômetros de distância, na miniestação elétrica responsável pelo fornecimento de energia do Riocentro. A bomba foi jogada por cima do muro da miniestação, mas explodiu em seu pátio e a eletricidade do pavilhão não chegou a ser interrompida. Na tentativa de encobrir o fracasso da operação, o SNI – Serviço Nacional de Informações culpou as organizações de esquerda – na época já extintas – pelo ataque. Essa hipótese já não tinha sustentação na época e anos mais tarde se comprovou, inclusive por confissão,[2][3] que ele foi uma tentativa de setores mais radicais do governo (principalmente do CIEx e do SNI) de, colocando a culpa na oposição radical pela carnificina prevista a acontecer, convencer os setores mais moderados de que era necessária uma nova onda de repressão de modo a paralisar a lenta abertura política que estava em andamento.[2][3]

A abertura de um Inquérito Policial Militar, porém, fracassou em estabelecer os responsáveis do regime, levando à renúncia do general Golbery do Couto e SilvaChefe da Casa Civil do governo do general João Figueiredo e um dos criadores do SNI, e ao arquivamento do caso. Novamente reaberto em 1999, após o aparecimento de novas evidências, três meses de investigação autorizadas pela procuradoria-geral da República, considerando que a ato não estava coberto pela Lei da Anistia – que anistiava crimes políticos entre 1961 e 1979 – resultaram na condenação do capitão Machado por homicídio culposo, estendida ao sargento Rosário se estivesse vivo, do indiciamento por falso testemunho e desobediência do general da reserva Newton Cruz e do coronel Freddie Perdigão, falecido dois anos antes, por comandar a operação. O caso entretanto foi arquivado no mesmo ano sem qualquer punição aos envolvidos por decisão do Superior Tribunal Militar, que se considerou sem condições de mais punir os responsáveis, já que uma decisão anterior do próprio tribunal enquadrou o caso na Lei da Anistia. [1]

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade apresentou um relatório preliminar sobre o atentado, afirmando que ele fez parte de uma ação articulada do Estadobrasileiro.[4] O episódio, com seus desdobramentos,tornou-se um marco da decadência e do esgotamento do regime militar no Brasil, que daria lugar dali a quatro anos ao restabelecimento da democracia.

Contexto político

Em 1979, o general João Batista Figueiredo sucedeu o general Ernesto Geisel na Presidência da República. Figueiredo se comprometeu com o antecessor a dar continuidade ao processo de abertura que este havia iniciado. “É para abrir mesmo. E quem quiser que não abra, eu prendo. Arrebento. Não tenha dúvidas”, afirmou ao ser questionado sobre a abertura política.[5] No entanto, praticamente toda a carreira do novo general-presidente estava ligada à chamada “comunidade de informações” do Exército, formada por organizações como o CIE, SNI e DOI- Codi, responsável direta pela repressão às atividades da esquerda; mesmo disposto a prosseguir com a abertura do regime, ele não pretendia entrar em atrito com estes setores, principalmente o CIE, cujos integrantes estavam inconformados com os rumos políticos do governo. Como muitos deles haviam sido responsáveis por centenas de casos de tortura e desaparecimento, temiam ser humilhados e punidos, caso o regime se desfizesse.

O fim da ditadura poderia, finalmente, representar o fim da comunidade de informações e seus membros receavam o possível revanchismo por parte da oposição, caso esta assumisse o poder. Por isso, para estes órgãos era interessante que a esquerda voltasse a se envolver na luta armada, de modo a justificar mais repressão política. Mas, na primeira metade da década de 1970, a esquerda já havia abandonado a guerrilha, pois não havia mais como levá-la adiante por falta de membros que foram dizimados ou estavam exilados ou de recursos, e o grande núcleo de oposição ao governo não era mais a opção pelo socialismo ou comunismo das guerrilhas de extrema-esquerda , mas a oposição civil em defesa da volta do estado democrático, fosse pelo partido oficial da oposição – o MDB – fosse pelas manifestações que pouco a pouco voltavam a sacudir o país.

Na falta de um perigo evidente, as alas mais radicais das Forças Armadas estavam dispostas a forjar ameaças para justificar uma volta à repressão mais violenta, tal como fora no governo do general Emílio Médici, e assim, dar maior importância aos órgãos de segurança.

 

Os preparativos

Várias medidas estranhas tomadas no dia em que se realizaria o show indicam que o atentado envolveu a participação estratégica de muitas pessoas, militares e civis, e que já vinha sendo planejado detalhadamente pelo menos um mês antes.

A poucas horas do início do evento, a segurança do pavilhão era parca em relação ao habitual. O tenente César Wachulec, chefe da segurança do Riocentro, recebeu naquele dia uma ordem para controlar exclusivamente o movimento das bilheterias, sendo afastado de suas funções habituais pela diretora de operações do Riocentro, Maria Ângela Campobianco . A coordenação geral dos seguranças foi transferida para outro funcionário, um mecânico sem qualquer experiência na área. Um mês antes disso, o antecessor do tenente Wachulec fora demitido sem justificativas. Seu nome era Dickson Grael, coronel paraquedista e pai dos velejadores olímpicos Lars e Torben Grael, bastante experiente nesse tipo de serviço.[6]

Polícia Militar costumava destacar homens para patrulhar eventos no local, assim como em qualquer outra grande aglomeração de pessoas. Mas, no dia do atentado, o policiamento fora suspenso pouco antes do show. A justificativa foi a de que, por ser um evento privado, a responsabilidade pela segurança era exclusiva dos organizadores.

O carro que carregava a bomba – um Puma GTE cinza-metálico placa OT-0297 [7]– fora visto na tarde daquele mesmo dia no restaurante Cabana da Serra, que ficava num ponto isolado da estrada Grajaú-Jacarepaguá, parado junto a outros seis carros. Desses carros desceram cerca de quinze homens, que usaram uma mesa do restaurante para examinar um grande mapa. Depois de perceber que vários deles carregavam armas na cintura, um dos funcionários resolveu ligar para a polícia. Uma viatura atendeu o chamado mas, dada a superioridade numérica dos homens, limitou-se a anotar as placas enquanto pedia reforços. Mas os carros abandonaram o local antes que outros policiais chegassem.[6]

 

O atentado

Durante aquele dia, várias placas de trânsito no trajeto que leva ao Riocentro e painéis de propaganda dentro do complexo foram pichadas com a sigla VPR(Vanguarda Popular Revolucionária). Desde o final da tarde, algumas placas indicativas da direção do centro de convenções também apareceram pichadas com essa sigla. Minutos antes do início do espetáculo, o guarda do estacionamento reservado aos ônibus viu dois carros atravessarem o canteiro e se dirigirem para o local, onde, depois, explodiria o Puma. À noite, quando começou o show, apenas cinco dos 28 portões estavam abertos. Os outros teriam sido trancados, o que impediria uma saída rápida dos espectadores em caso de emergência, provocada, por exemplo, por um corte de luz.[6]

Dentro do Riocentro, cerca de 20 mil pessoas assistiam ao show organizado pelo Centro Brasil Democrático, organização ligada ao PCB, e Elba Ramalho começa a cantar “Banquete de Signos” no palco do centro de convenções.[8] :587[9] O Puma no estacionamento reservado aos artistas e organizadores levava dois ocupantes, o capitão Wilson Machado, proprietário do carro, e o sargento Guilherme Pereira do Rosário. Ambos integravam o DOI do I Exército, no Rio de Janeiro, e pertenciam ao aparelho de repressão progressivamente desativado desde 1975, que vinha praticando atentados terroristas contra personalidades políticas, bancas de jornais e sedes de publicações esquerdistas[9]; o sargento Rosário, agente “Wagner”, era treinado em montagem de explosivos e Machado eventual chefe do patrulhamento da segurança do presidente Figueiredo quando ele ia ao Rio.[9] Quando o carro começou a sair da vaga onde estacionara, um artefato dentro dele explodiu antecipadamente. A explosão inflou o teto do carro e explodiu as portas. O sargento Rosário morreu, enquanto o capitão Machado saía dos destroços ferido, segurando com as mãos as próprias vísceras expostas. [8]:587 Muitas pessoas se aglomeraram em volta do carro. Alguns dos espectadores, inclusive o tenente Wachulec, viram um homem retirar do interior duas granadas do tipo cilíndrico usado pelo Exército Brasileiro. O capitão Machado, que ziguezagueou por uns 200 metros gemendo, sentou-se numa escada que dava acesso para a plateia e foi socorrido 25 minutos depois pela neta do futuro presidente Tancredo NevesAndrea Neves, que chegava atrasada para o show,[7] sendo levado para o Hospital Miguel Couto onde pediu que avisassem do acidente o capitão Francisco de Paula Sousa Pinto. Este, ao chegar ao hospital, identificou o ferido como capitão do Exército.Trinta minutos depois da primeira explosão, uma segunda bomba explode na casa de força, jogada por cima do muro, mas sem maiores consequências nem corte de luz. Minutos depois, um Opala branco estacionado num pátio reservado deixou o local, com seu ocupante gritando para um guarda: “Vocês ainda não viram nada! O pior vai acontecer lá dentro!”[6]

A explosão no carro não chamou a atenção do público que assistia ao show dentro do pavilhão. A segunda explosão, na caixa de força da estação elétrica, pode ser ouvida dentro dele como um ruído abafado, mas nada que provocasse inquietação. Os artistas só eram avisados à medida que deixavam o palco e de forma discreta. A plateia só foi informada perto do final do show, quando o compositor e cantor Gonzaguinha subiu ao palco e disse: “Pessoas contra a democracia jogaram bombas lá fora para nos amedrontar”.[7]

Com a chegada a perícia, mais dois artefatos explosivos são fotografados dentro do Puma.[8]:587 Pouco depois, um dos seguranças do Riocentro aproxima-se dos destroços do carro onde estão dois homens que se identificam como capitães do exército. Com a chegada da polícia, o local em volta é isolado. As redações de jornais começam a receber informações sobre o atentado e algumas delas recebem ligações anônimas informando que um tal “Comando Delta” havia agido no Riocentro para “acabar com manifestações subversivas”. [6]

Desdobramentos

Logo após o fracasso do atentado, a linha dura do Exército e o SNI iniciaram um esforço conjunto para tentar encobrir o caso.

DOI do Rio de Janeiro (subordinado ao I Exército) divulgou um comunicado dizendo que os passageiros do Puma estavam no local a serviço, colhendo dados sobre uma possível ação subversiva. Homens ligados ao Exército informavam aos jornais que os agentes do DOI tinham sido vítimas da bomba, a qual teria sido posta entre o banco direito e a porta do carro enquanto o capitão tinha ido urinar e o sargento saíra para “esticar as pernas”.

Foi aberto um inquérito policial militar sobre o caso, e o indicado para presidi-lo foi o coronel Luís Antônio do Prado Ribeiro. Pouco tempo depois, ele já estava convencido de que os passageiros do carro eram os autores do atentado. No entanto, Ribeiro renunciou à presidência do inquérito, possivelmente por pressão de membros da “comunidade de informação”.

O coronel Job Lorena de Sant’Anna assumiu em seu lugar. O coronel havia comparecido ao enterro de Rosário, onde leu um discurso que declarava que ele fora vítima de um ato terrorista, corroborando a versão divulgada inicialmente pelo Exército, embora várias evidências a desmentissem. Uma delas era o fato da genitália do sargento ter sido destruída, o que não aconteceria se a bomba estivesse do lado do banco. Além disso, os homens do DOI carregavam duas granadas. Imagens delas apareceram inclusive no Jornal Nacional, mas, pressionada pelos militares, a Rede Globo voltou atrás e anunciou que as imagens eram de extintores de incêndio.

Outros fatos foram ignorados pelo inquérito. A caminho do hospital, o capitão Machado pediu que telefonassem para um certo número e relatassem o acidente a Aloísio Reis. Esse era o codinome do coronel Freddie Perdigão Pereira, que, à época, trabalhava no SNI mas já fora membro do Grupo Secreto, organização radical de direita, famosa por realizar atentados a bomba. O número era de um telefone do DOI.

No Puma, foram encontrados documentos em nome do capitão Machado, mas a placa era falsa. Isso contraria a afirmação de que os militares estariam a serviço no local, já que nessas situações se usava um carro oficial.

O fracasso nas investigações do atentado e do envolvimento da linha dura do regime no episódio levou à renúncia do ministro chefe da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva. Apesar de todas as evidências, o caso foi arquivado e só foi reaberto em 1999, quando o ex-chefe do SNI, general Octávio de Medeiros, disse que soube do atentado uma hora antes que acontecesse; posteriormente declarou que a informação lhe fora dada pelo general Newton Cruz, que já saberia do plano um mês antes.[10] Mas segundo a narrativa de Cruz, ele próprio só teria sido informado, uma hora antes do atentado, que se planejava no DOI do Rio um atentado contra o Riocentro. E essa informação teria sido obtida pelo coronel Perdigão. Quatro anos depois de deixar o poder, o general Golbery do Couto e Silva, fundador do SNI, contou que “o Medeiros [general Octávio Aguiar de Medeiros, chefe do SNI] disse que o Riocentro tinha sido coisa do Coelho Neto [general José Luís Coelho Neto], mas hoje em dia eu não sei se ele realmente tinha elementos para dizer aquilo. O fato é que ele disse”.[11]

Em maio de 2014, a Justiça Federal, atendendo a pedido do Ministério Público Federal, determinou ao Exército Brasileiro que lhes fossem encaminhadas as folhas de alterações de quatro oficiais da reserva, denunciados, juntamente com outros réus, por crimes neste atentado. Segundo a denúncia, os militares reformados Wilson Luiz Chaves Machado, proprietário do Puma no qual teria ocorrido a explosão, Nilton de Albuquerque CerqueiraNewton CruzEdson Sá RochaDivany Carvalho Barros e o ex-delegado Cláudio Antônio Guerra devem responder pelos crimes de homicídio tentado, formação de quadrilha ou bando, transporte de explosivos, fraude processual e favorecimento pessoal. Em julho de 2014, O Tribunal Federal da 2ª Região concedeu habeas corpus a quatro dos oficiais da reserva denunciados por julgar que os crimes estariam prescritos.[12]

 

Reabertura do caso

Novas provas surgiram dezoito anos depois daquilo que poderia ter sido o maior atentado terrorista urbano da história do Brasil. Diante disso, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados solicitou a reabertura do caso. A procuradora da República Gilda Berger aceitou o pedido, considerando que o caso não era coberto pela Lei da Anistia, nem estava prescrito: a anistia se aplica apenas aos crimes cometidos entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, enquanto a prescrição ocorreria em 30 de abril de 2001.

Após três meses de investigações, o general Sérgio Conforto, encarregado do novo inquérito policial-militar (IPM) do Riocentro, encerrou seu trabalho apontando a responsabilidade de quatro militares pelo atentado. O coronel Wilson Machado, que estava no Puma que explodiu, foi indiciado por homicídio qualificado, por ter assumido o risco de uma ação que poderia causar a morte de Guilherme (pena de 12 a 30 anos). Wilson Machado foi indiciado também pela antiga Lei de Segurança Nacional, crime que está prescrito. O general da reserva Newton Cruz, ex-chefe da Agência Central do SNI, foi indiciado por falso testemunho (dois a seis anos) e desobediência (um a seis meses). Newton Cruz foi indiciado também por prevaricação e condescendência criminosa, mas só responderá por falso testemunho e desobediência. Conforto concluiu que havia provas para indiciar o sargento Guilherme do Rosário, morto na explosão, e o coronel Freddie Perdigão, chefe da agência do SNI do Rio em 1981 e que morreu em 1996. Descobriu-se que Freddie Perdigão havia planejado o atentado.

O IPM, com 270 páginas, foi enviado ao procurador-geral da Justiça Militar Kleber Coêlho, para que oferecesse denúncia ao Superior Tribunal Militar (STM).[13][14]

Em 4 de maio de 1999, o caso Riocentro foi, arquivado pelo ministro civil do STMCarlos Alberto Marques Soares. Segundo ele, o poder de punição do Estado teria cessado, ou seja, mesmo que surgissem novas provas, nada mais poderia ser feito, já que uma decisão anterior do STM enquadrou o caso na Lei da Anistia.[15]

Em 29 de Abril de 2014, a Comissão Nacional da Verdade apresentou um relatório preliminar sobre o caso afirmando que o atentado fez parte de uma ação articulada do Estado Brasileiro.[16]

 

Documento vem a público 31 anos depois

O jornal Correio do Povo teve acesso a memorandos datilografados e também manuscritos do ex-comandante do DOI-Codi, Julio Miguel Molina Dias,[17] morto a tiros quando chegava à sua residência em Porto Alegre na noite de 01 de novembro de 2012, no qual o coronel registra a mobilização que se instalou naquele quartel-sede da espionagem política do Brasil, imediatamente após a explosão do Rio centro.

São ordens, contraordens e telefonemas com a finalidade de evitar que fatos e versões indigestas ao Exército viessem à tona. O coronel Molinas redigiu parte desses memorandos, divididos em dias, horas e minutos.

A BOMBA

Quinta-feira, 30 de abril de 1981

O relatório de atividades externas do Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio descreve a movimentação da unidade naquele 30 de abril de 1981. Batizada de Missão 115 — Operação Centro, a ação previa que os militares fizessem a espionagem do show no Rio centro, celebração do Dia do Trabalhador, que virou manifesto contra a ditadura. Foram escalados dois agentes, com previsão de saída às 18h40min e retorno às 4h20min, usando um Fusca. Outros dois, de forma clandestina, usaram um Puma particular. Por volta das 21h15min, tudo seguia na rotina até uma bomba explodir no Puma em que estavam os dois integrantes do DOI-Codi. À noite, de próprio punho, o coronel Júlio Miguel Molinas Dias, comandante do DOI-Codi, fez o relato de como foi informado do atentado. Ele assistia, em casa, à primeira partida da final do Campeonato Brasileiro de 1981, no Estádio Olímpico, vencida pelo Grêmio por 2 a 1.

Intervalo do jogo do Grêmio x São Paulo, telefonema do agente Reis (codinome de um militar). Disse que um cabo PM telefonara avisando que haveria um acidente com explosivo com uma vítima. Deu o nome quente Dr. Marcos…

Doutor Marcos era o codinome do capitão Wilson Luiz Chaves Machado, chefe da Seção de Operações do DOI-Codi, ferido na explosão. O relato do coronel Molinas continua, falando de como foi informado da morte do sargento Guilherme Pereira do Rosário, ao manipular a bomba:

(…) Por volta das 22h30min, cheguei ao órgão… dirigi-me à vaga n.1 do comando. (…) O Dr. Wilson (codinome de outro agente), que estava na operação, chegou logo a seguir. O agente Reis, que já chegara, avisou que recebera outro telefonema do mesmo elemento, dizendo que um sargento estava no local, irreconhecível.

A partir daí, o coronel anota, minuciosamente, como foi a longa noite pós-atentado:

23h30min — O Globo (talvez referindo-se à notícia que ouviu na Rádio Globo ou na TV) – estouraram duas bombas no estacionamento, destruindo dois carros e uma moto. No segundo carro não houve vítimas.

23h30min — Dr. Araújo (codinome de oficial) telefona para saber o que houve.

Molinas relata o estado de saúde do capitão Wilson, motorista do Puma e ferido na explosão:

23h30min — Hospital Miguel Couto…Tá sendo operado, vísceras do lado de fora. Estado grave.

De próprio punho, o coronel registra que foram dois os explosivos levados para o Riocentro:

23h35min — Uma bomba na casa de força (central de energia do Riocentro) e uma no carro.

Às 23h45min, Molinas afirma ter telefonado ao coronel Leo Frederico Cinelli, chefe do serviço de inteligência do 1º Exército, relatando os fatos. Minutos depois, recebe notícias de alguém sobre o sargento morto e registra:

23h50min — O Robot (menção a quem carrega bomba) está morto. Tem uma granada que estava no carro e botaram no chão.

Sexta-feira, 1º de maio de 1981

As anotações de Molinas prosseguem madrugada adentro. Ele trata da remoção do corpo do sargento para o hospital:

0h40min — Coronel Cinelli — Falamos sobre a ida da perícia da PE (Polícia do Exército) à paisana e a retirada do corpo.

1h01min — Tenente-coronel Portella liga ao HCE (Hospital Central do Exército) para receber o corpo do Robot (sargento Rosário).

À 1h05min, Molinas recebe ligação de uma pessoa, à qual identifica com Dr. Rodolfo, atualizando notícias sobre o capitão Wilson Machado, ferido na explosão:

1h05min — Está sendo operado, dilaceração nas vísceras.

A partir daí, as anotações se tornam esporádicas:

4h24min — Um Chevette aberto cinza metálico com bagageiro placas RT-1719 estava ao lado do carro Puma, com um emblema do 1º BPE.

6h05min — Justifico telefonema dizendo que está na cirurgia, Dr. Marcos (codinome do capitão ferido), ortopédica nos braços.

17h — Fui para casa.

Sábado, 2 de maio de 1981

Molinas retorna ao DOI-Codi e manda recado ao capitão ferido para que não se pronuncie a respeito do acidente:

8h30min — Chegada ao destino (…)Transmitida mensagem ao Dr. Marcos (codinome do capitão ferido) para não fazer esforço para falar, tranquilizando-o.

(…) Comandante do DOI e comandante do 1º Exército foram para o enterro e hospital.

Foi dada ordem para oficial de permanência ficar em tempo integral no DOI.

 

A Farsa

Ainda no dia 2, um manuscrito com letra diferente à do coronel Molinas Dias revela uma tentativa de encobrir a autoria do atentado. Foi anotada (talvez por um ordenança do coronel) a necessidade de encontrar o carro particular do sargento morto e providenciar o seu recolhimento ao DOI-Codi. O objetivo pode ter sido evitar que material comprometedor, dentro do veículo, fosse apreendido pela Polícia ou fotografado pela imprensa:

Foi feito contato com a secretaria de segurança para localizar o carro do Wagner (codinome do sargento morto) e comunicar ao DOI (carro roubado). Existe uma equipe de sobreaviso para “puxar” (levar) o carro.

A anotação segue:

Foi mandado ao 1º Exército (coronel Cinelli) as fotografias das placas com VPR para aproveitamento na imprensa.

A frase de Molinas Dias só ganhou sentido tempos depois, quando ex-integrantes da ditadura revelaram que agentes do DOI-Codi picharam placas de sinalização de trânsito nas imediações do Riocentro com a sigla da organização de luta armada de extrema esquerda Vanguarda Popular Revolucionário. O objetivo dos militares com a pichação era atribuir a autoria do atentado à VPR. Seria uma explosão planejada para botar a culpa em esquerdistas, como descreve o ex-delegado da Polícia Civil Cláudio Guerra no livro Memórias de uma Guerra Suja.

O coronel Molinas Dias avança seu memorando pelo dia 2 de maio, relatando supostas ameaças de bomba na casa do capitão ferido e no hospital Miguel Couto:

13h01min — Família do Dr. Marcos (codinome do capitão) liga para o Dr. Carmelo (codinome de um oficial) no hospital e participa a existência de um embrulho suspeito na porta do apartamento. O Dr. Carmelo telefona ao Dr. Maurício (codinome), oficial permanente, que esta providenciando o deslocamento de uma equipe para o local. (…) sob o tapete da porta de entrada tem uma bolsa do Carrefour de material translúcido e dentro tinha dois pães, um inteiro e outro faltando um pedaço.

As supostas ameaças contra integrantes do DOI prosseguem ao longo do dia 2:

16h10min — O delegado Tufic, da 14ª DP, telefona para dizer que recebeu dois telefonemas anônimos dando conta de que o capitão Paulo Renault iria jogar uma bomba no quarto do capitão hospitalizado.

16h18min — Telefonema para a residência do capitão Paulo Renault, que não atende.

16h20min — Ligação para a portaria do prédio que diz, possivelmente o capitão estaria viajando.

Conforme o blog do jornalista Ricardo Noblat, o capitão seria um Paulo Renault, engenheiro eletrônico, perito judicial e também ex-agente do Serviço Nacional de Informação (SNI). Em 2005, esteve envolvido no escândalo da CPI dos Correios. Estaria disposto a fazer revelações em depoimento à Justiça, mas desistiu ao ter a casa metralhada.

O dia 2 de maio de 1981 continua interminável, nas anotações de Molinas. Agora surge outra notícia de plano para matar o oficial ferido, talvez uma manobra para enfatizar que o capitão do DOI-Codi tinha sido vítima de um atentado

16h45min — Dr. Wilson (codinome de oficial) liga dizendo que o pessoal do hospital acha bom chamar o plantão policial e a imprensa, dizendo que tinham conhecimento de um plano para eliminar o Dr. Marcos (o capitão ferido).

E continuam as supostas ameaças no dia 2, tentando transformar o capitão de terrorista em vítima. Molinas pede segurança:

22h25min — Telefonema do Dr. Marino (codinome de um oficial) avisando de um telefonema anônimo para o Hospital Miguel Couto, avisando que colocariam um petardo na casa do Dr. Marcos (capitão ferido).

22h30min — Telefonema para o o tenente-coronel Roberval e pede providências junto à PM.

Domingo, 3 de maio de 1981

Molinas anota telefonema recebido de um colega coronel:

8h25min — Telefonema do coronel Prado, dizendo que o JB (Jornal do Brasil) tem reportagem em que um médico diz que o capitão estaria em condições de falar. O assunto é tratado com o coronel Cinelli.

Mais tarde, outro telefonema — ainda mais preocupante — fala que os agentes se tornam suspeitos de explodir a própria bomba que os feriu:

15h50min — Agente Hugo (codinome de policial) liga dizendo que o segurança do Riocentro está comentando que o atentado seria nosso.

Para mudar o foco e jogar a culpa do atentado fracassado no Riocentro na esquerda, Molinas rascunha uma lista de incidentes anteriores, como a suposta tentativa de ataques a unidades militares. O texto é datilografado e enviado ao coronel Cinelli.

Antecedentes — Viemos apresentar alguns fatos que comprovam a intenção das esquerdas em atingir os órgãos de segurança, em especial os DOIs, tanto no campo da agressão física como em ações psicológicas com objetivo único de desmantelar o aparato repressor ou destruí-lo.

No final de 1980 ficaram encarregados de eliminar o Exmo senhor general Antônio Bandeira, no Sul do país… O atentado seria com risco da própria vida.

Molinas conclui:

Face aos atos e fatos apresentados, somados a uma orquestração pela imprensa, acusando os DOIs como responsáveis por tudo que ocorre de mal contra as esquerdas (…) cada elemento do órgão passou a ser um alvo de justiçamento. (…) Quanto ao atentado em si, qualquer conclusão cairá no campo da especulação, correndo o risco de atentar contra a honra e a integridade de um oficial e de um sargento.

Segunda-feira, 4 de maio de 1981

O diário é recheado de documentos. Um deles, um ofício que chega ao DOI-Codi do coronel Luiz Antônio do Prado Ribeiro, encarregado do inquérito policial-militar (IPM) que investiga o atentado. Ele convoca o coronel Molinas Dias para depor às 14h do dia seguinte no 9º andar do Palácio Duque de Caxias, sede do comando 1º Exército.

Quinta-feira, 7 de maio de 1981

Uma relato datilografado informa que às 17h40min, o capitão ferido foi do CTI para a sala de radiografia. E aparece no CTI uma mulher, vestindo calça e jaleco branco, se dizendo médica, perguntando ao PM da segurança onde é o CTI. A mulher usa sapato verde e o PM desconfia dela. O crachá está virado e, ao desvirar, lê “visitante do IBGE”. A mulher é levada para fora do hospital e embarca em uma Brasília do Jornal do Brasil.

Sexta-feira, 9 de maio de 1981

Documento confidencial relata um telefonema ao DOI-Codi, às 15h, repassando dados sobre uma mulher de nome Mariângela ou Ângela Capobianco e o local do trabalho do marido dela. O interlocutor descreve a mulher:

“Mais ou menos 45 anos, estatura média, meio gorda, cabelo pintado de caju. É importantíssima, está autorizada (muito cuidado). Trabalha na diretoria de vendas ou arrecadação”.

Para entender: Ângela era uma diretora do Riocentro e, segundo livros sobre o tema, é suspeita de ter colaborado com os militares. Após afastar das funções o chefe de segurança do Riocentro, na noite do atentado, ela teria sido responsável pelo fechamento com cadeados da maioria dos portões de saída da área do show. A medida, em caso de explosão de uma bomba, poderia amplificar o número de vítimas.

Em 2014, Ângela Capobianco foi identificada pela Comissão Nacional da Verdade[18][19] como sendo uma agente do SNI, uma das pessoas encarregadas dos preparativos do atentado. Documentos do ex-comandante do DOI-Codi, Julio Miguel Molinas Dias, o Coronel Molinas, registram fatos e participantes nos preparativos para a explosão das bombas no Rio.[20][21]

No programa Linha Direta de 2004, anteriormente aos fatos apurados pela Comissão Nacional da Verdade, Maria Ângela foi entrevistada como a gerente do Rio Centro na ocasiao.[22]

Quarta-feira, 13 de maio de 1981

Documento afirma que, às 22h de 10 de maio, no bar do Hospital Miguel Couto um homem, em voz alta, acusa o DOI-Codi pelas bombas colocados no Riocentro e no jornal Tribuna da Imprensa. O homem e um amigo dele são levados para a 14ª DP. Lá são interrogados e liberados. São eles: José Augusto Alves Neto, da Rádio JB, e Carlos Vieira Peixoto Filho, do JB (jornal).

Datado deste dia, um manuscrito contém duas perguntas e respostas atribuídas ao agente Guarany (amigo do sargento morto) sobre as habilidades com bombas do agente Wagner (codinome do sargento morto):

Wagner é técnico em explosivos? Não

Qual o curso ou estágio que fez: Nenhum. É um autodidata

Quarta-feira, 20 de maio de 1981

Em um documento reservado, enviado ao chefe do serviço de inteligência do 1º Exército, Molinas comunica os nomes dos agentes do DOI-Codi escalados oficialmente para “cobrir” o show: sargento da Aeronáutica Carlos Alberto Henrique de Mello e o soldado da Polícia Militar Hirohito Peres Ferreira. O ofício afirma que o chefe da Seção de Operações, capitão Machado, e o sargento Rosário (os vitimados na explosão no Puma) foram ao Riocentro para supervisionar a equipe. Seria a primeira vez que o nome de Machado e Rosário aparece em um documento oficial como tendo participado da desastrada Missão 115.

Segunda-feira, 25 de maio de 1981

Documento confidencial encaminhado às unidades militares pelo comando do 1º Exército sob o título “Atentado Terrorista no Riocentro – informação 312/81” determina ponderação, serenidade e isenção diante de “notícias apresentadas por certos setores da comunicação sensacionalistas e alguns políticos, que muitas vezes não correspondem à verdade”.

O documento afirma que o coronel Luiz Antônio do Prado Ribeiro, encarregado da investigação militar do atentado, foi substituído, pois está “baixado no HCE (Hospital Central do Exército) desde 18 de maio para observação, foi submetido à junta de saúde, cuja ata do exame recomenda que lhe sejam concedidos 30 dias de licença para tratamento de saúde”.

Anos depois, viria a público a versão de que Ribeiro foi afastado do inquérito porque se recusara a acatar ordens superiores. Teria sido, inclusive, chantageado para reunir provas que apontassem grupos de esquerda como autores do atentado.

 

Referências

  1.  Gasparetto Jr., Antonio. «Atentado ao Riocentro». Infoescola. Consultado em 15 de julho de 2017
  2. ↑ Ir para:a b Chico Otavio e Juliana Castro (16/02/2014). “Com novas provas, MP denuncia seis pessoas no caso Riocentro” (em português). O Globo. Consultado em 19 de maio de 2016.
  3. ↑ Ir para:a b Tales Faria (2/05/2012). “A primeira confissão do atentado ao Riocentro” (em português). iG Brasília. Consultado em 19 de maio de 2016.
  4. Ir para cima Lisboa, Vinicius. «Atentado do Riocentro foi “ação articulada do Estado”, diz CNV». EBC. Consultado em 15 de julho de 2017
  5. Ir para cima Jornal O Globo. (15 de outubro de 1978). «Frases». Consultado em 7 de março de 2017
  6. ↑ Ir para:a b c d e «Atentado do Riocentro». CPDOC/Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 15 de julho de 2017
  7. ↑ Ir para:a b c dos Santos, Jorge Fernando. «Vandré – O homem que disse não». Consultado em 15 de julho de 2017
  8. ↑ Ir para:a b c Laque, João Roberto (2010). Pedro e os Lobos. [S.l.]: Ava Editorial. p. 638. ISBN 978-85-91053-70-4
  9. ↑ Ir para:a b c Elio, Gaspari. «A atualidade do Riocentro chama-se impunidade». Folha de São Paulo. Consultado em 15 de julho de 2017
  10. Ir para cima JB Online (15 de fevereiro de 2008). «Morre o general que negou o caso Riocentro»Terra Networks
  11. Ir para cima «A atualidade do Riocentro chama-se impunidade»Por Élio GáspariUniverso Online
  12. Ir para cima CBN Foz do Iguaçu (2 de Julho de 2014). «Justiça concede habeas corpus a 4 denunciados por caso Riocentro». CBN Foz do Iguaçu. Consultado em 29 de julho de 2014
  13. Ir para cima «Radiobras. Sinopses». Radiobras.gov.br
  14. Ir para cima «Novo inquérito indicia dois militares e muda versão do atentado de 1981 que marcou a abertura política»Revista Época. Epoca.globo.com. 25 de outubro de 1999
  15. Ir para cima Dados vol.47 n°. 4 Rio de (Janeiro de 2004). «Superior Tribunal Militar: entre o autoritarismo e a democracia». Scielo.br
  16. Ir para cima Agência Brasil: Atentado do Riocentro foi “ação articulada do Estado”, diz CNV
  17. Ir para cima Polícia Civil irá investigar morte de coronel do Exército na Capital: Correio do Povo | Notícias | Polícia Civil irá investigar morte de coronel do Exército na Capital, acesso: 5/8/2015
  18. Ir para cima – COMISSÃO NACIONAL DA VERDADe – RELATÓRIO PRELIMINAR DE PESQUISA CASO RIOCENTRO: TERRORISMO DE ESTADO CONTRA A POPULAÇÃO BRASILEIRA – (documento em pdf) – Abril 2014, acesso: 5/6/2015
  19. Ir para cima Comissão considera que tortura foi também um crime contra a humanidade — Portal Brasil, accesso: 5/6/2015
  20. Ir para cima Veja o cronograma e as anotações do coronel sobre o caso Riocentro – Zero Hora, accesso: 5/6/2015
  21. Ir para cima O Jornal do Estado – 30 de Abril de 1981: O Atentado do Riocentro, accesso: 5/6/2015
  22. Ir para cima LINHA DIRETA JUSTIÇA – A Bomba do Riocentro, accesso: 5/6/2015

Bibliografia

  • Ministério do Silêncio, Lucas Figueiredo, editora Record
  • Dez reportagens que abalaram a ditadura, organizado por Fernando Molica. Ed. Record, 2005. O Caso Riocentro mereceu dois capítulos, com a transcrição, comentada pelos próprios autores, das matérias publicadas pelo jornalista Antero Luiz Cunha no estado de São Paulo e por Fritz Utzeri no Jornal do Brasil.

Ligações externas

 

POR QUE AS INÚMERAS IDEIAS DE INOVAÇÃO NA EDUCAÇÃO NÃO ENCONTRAM O SEU FIM PRÁTICO?

Por: GERALDO HOULY LELIS DE FREITAS

RESUMO: Este artigo discute as dificuldades e os entraves que as propostas inovadoras de educação enfrentam para se consolidar na prática pedagógica, a exemplo da doutrina construtivista. Priorizam-se as discussões acerca da política e da gestão da educação atual a partir de uma análise crítica de seu processo histórico e de sua dependência com relação às diretrizes da reprodução do sistema capitalista. O problema não está nas ideias e nem nos esforços para a constante e sempre inacabada tarefa de promover a melhoria da educação, mas nas condições objetivas desfavoráveis para a realização em curto prazo, restando para a maioria, à tentativa frustrada de reconciliação ou de reformas com o sistema de educação nacional.

Inicialmente, com maior força na Europa ocidental do final do século XIX, as influências da ciência positivista na educação institucional são percebidas principalmente pelo empenho atual dos profissionais da educação em negar ou questionar a efetividade desse modelo para a prática pedagógica atual. Essa corrente “antipositivista” conquistou inúmeros adeptos em meados do século XX com as sanguinárias guerras mundiais e uma onda de críticas ao ideal positivista do progresso. Quando debruçada sobre as perspectivas teóricas e as doutrinas do campo pedagógico: behaviorista, psicométrico ou docimológico, cognitivista, histórico-social e construtivista, Fátima Maria Leite Cruz (2010), em Avaliação das aprendizagens, analisou os rastros do paradigma positivista que defende a partir da compreensão da existência de leis naturais que, independentemente da ação humana, existem e explicam determinados processos de aprendizagem sem levar em conta a complexidade da produção de saberes humano, ainda estão em evidência na prática pedagógica atual. Fátima Maria Leite Cruz (2010) destaca a doutrina construtivista como a melhor possibilidade de superar essa armadilha da mecanicidade do aprendizado pregado pelo positivismo em sua lógica científica deficiente, excludente e seletiva.

A abordagem positivista para a educação atual já não atende mais nem as expectativas dos alunos e nem dos professores, porque não dizer da própria sociedade do século XXI. Por que então ela ainda predomina nas escolas? Selva Guimarães Fonseca (2003) entende que a escolha deste modelo no caso do ensino de história está associada aos interesses da formação do Estado brasileiro no século XIX. A passagem para o século XX demonstrou progressos e regressos para o sistema de educação nacional. Desde as intervenções governamentais em período de exceção como foi o Golpe Militar de 1964 com a imposição de determinados interesses para o ensino da história às pressões populares para as reformas do ensino durante a redemocratização do país no qual sucedeu a criação da LDB que assegurou medidas importantes para melhorar a qualidade da educação do país. A tentativa de impor limitações para as ciências humanas nas escolas pela vontade do Conselho de Segurança Nacional em controlar e reprimir as opiniões contrárias à ditadura militar é um exemplo claro para a compreensão da educação como antes de tudo um campo político conflituoso. Juan Manuel Álvarez Méndez explica os problemas relacionados a essa lógica não inclusiva do modelo clássico na educação. Para o Juan Manuel Álvarez Méndez, “um dos problemas apresentados pelo modelo da racionalidade técnica ao ser aplicado à avaliação é que exige que o professor transfira o conhecimento a respostas precisas e inequívocas. Nele, a aprendizagem é algo que se pode medir, manipular e, inclusive, prever. Os testes, que adotam a forma de provas objetivas de apresentação distinta, desempenham um papel relevante nesse raciocínio. Os usos que foram feitos deles transcenderam os valores educativos para derivar em sutis, porém potentes, instrumentos para exclusão e a marginalização” (MÉNDEZ, 2002, p. 32). O objetivo da escolha positivista das avaliações pelo professor, ou mesmo na prática do ensino não se limita a clivagem daqueles que aprenderam (nota igual ou superior a média esperada) e dos que não aprenderam, mas também incorpora juízos de valor aos estudantes que vai além do espaço escolar, uma vez que alcança a percepção da família e de todos os que com o aluno ou com a escola interagem. É possível perceber que esse paradigma de ensino criou e enquadrou os alunos em um sistema de identidades homogêneas e distantes próprias do campo cultural na educação. O que representa um aluno nota 10 e um aluno nota 7? Um aluno disciplinado e um indisciplinado?

AS RAÍZES HISTÓRICAS DA ESCOLA INSTITUCIONAL

A história do construtivismo no Brasil registra a sua “chegada” (para não dizer origem) na década de 1980, de lá pra cá, o sistema de educação institucional ainda persiste com práticas pedagógicas não inclusivas e “meritocráticas” do modelo positivista. Quais os principais entraves que dificultam os avanços para o engajamento da educação com as necessidades da sociedade atual? A configuração das instituições de ensino como se apresenta material e imaterialmente, ainda é, em parte, uma apropriação do que foi inventado no século XVI. Naquele contexto histórico, as escolas eclesiásticas serviram para atender as necessidades da Igreja póstridentina de propor um modo eficaz de ensinar as crianças desde cedo à doutrina católica, em contrapartida, evitar o avanço das crenças protestantes. Na obra Vigiar e punir, Michel Foucault (1987) percebeu que a prática escolar pretendida pelos discursos iluministas do progresso não se concretizou após a Revolução Francesa e a consolidação na França do Estado laico, pelo contrário, o espaço escolar e a lógica de ensino ainda reproduziam o paradigma clerical, sendo aos poucos ressignificados aos moldes do sistema capitalista. Os discursos progressistas da época não alcançaram o êxito esperado na transformação da vida escolar dos europeus. Hoje, as teorias pedagógicas influenciadas pelo pós-modernismo também estão ameaçadas de não saírem do papel. A escola não goza mais do poder de monopolizar os “espaços de saberes” tal como pretendia as primeiras universidades católicas do século XII, nem de posicionar-se como “o lugar da verdade” tal como almejavam os iluministas do final do século XVIII. A escola do século XXI, compreende José Carlos Libâneo, “tem concorrentes poderosos, inclusive que pretendem substituir suas funções, como as mídias, os computadores e até propostas que querem fazer dela meramente um lugar de convivência social” (LIBÂNEO, 2007, p. 24). A escola tem futuro? Eis o título da obra organizada por Marisa Vorraber Costa. Não é novidade que a educação na história do Brasil, quando foi tratada, privilegiou as elites ricas. Enquanto colônia, não havia sentido para a coroa portuguesa investir na educação daqueles que só tinham serventia para a exploração do trabalho. Além disso, um regime de escravidão desumano e violento no qual os negros não tinham nem sequer direito sobre si mesmo completava a total falta de interesse na questão. Os que almejavam “os tesouros” da educação tinham de investir altas somas de recursos para pagar todos os custos de vida na Europa, pelo menos, até os primeiros decretos para a construção de escolas de ensino superior, possível naquele momento com a residência da coroa portuguesa no Rio de Janeiro em 1808. A Constituição de 1824 apenas corroborava essa distinção social e a preocupação legal cabia apenas investimentos a formação de médicos, bacharéis de direito e militares. Influenciado pelos ideais liberais, o direito à educação tornava-se uma busca pessoal e particular do indivíduo no qual o Estado pouco deveria intrometer-se sob-risco de provocar desequilíbrios e crises sociais. Para os partidários do liberalismo, o direito à educação tinha tudo a ver com o mercado de trabalho; para os conservadores, o ensino deveria privilegiar a moral e a ordem, a escola serviria para “regenerar ou higienizar o indivíduo”, formá-lo para a convivência social. Os esforços ainda no Brasil imperial de promover a instrução primária esbarravam na dura realidade da exploração do trabalho infantil. A criança na escola significava prejuízos com a produção. E quem arcaria com os prejuízos de crianças e de jovens desprovidos de educação? Como bem demonstrou Maria Cristina Teixeira (2008) em O direito à educação nas constituições brasileiras, em sessenta e quatro anos o Brasil promulgou sete constituições, no que tange à educação, todo esse período foi marcado por avanços e regressos de políticas conciliatórias com a dinâmica do capital, ou seja, conquistas de “vinte anos” se perderam em alguns meses, como foi o caso da Constituição de 1967 que desobrigava as esferas públicas da alocação de recursos mínimos ao sistema de educação. Cabe ressaltar que a aprovação de leis (especialmente as mais progressistas) não significou necessariamente a sua aplicação e obediência na prática. Além disso, as esferas municipais, estaduais e federais “alternaram” (não sucessivamente) em sua competência na gestão de políticas educacionais o que prejudicava o andamento de projetos e de programas que ora era competência das Câmaras Municipais (1828), ora das Assembleias das Províncias (1834), ora do Poder Legislativo (1934), ora da União (1946), em seguida complementada por empresas comerciais, industriais e agrícolas (1967).

A ESCOLA ESTÁ PARA A SOCIEDADE, ASSIM COMO A SOCIEDADE ESTÁ PARA A ESCOLA

O trabalho O sujeito e a relação com o saber de Bernard Charlot (2003) ao questionar as teses de ciências sociais (sociedade) e de psicologia (indivíduo) dirigidas à educação apresenta uma importante sugestão de como as relações entre a escola, o meio social e o sujeito devem ser vistos, não mais de forma isolada ou dicotômica, e sim, imbricadas. Qual o sentido para o aluno de frequentar a escola nos tempos atuais? A falta de autoridade e autonomia dos professores de um lado e a indisciplina dos alunos do outro revela parte da indisposição do sistema de educação? Seriam os alunos mais “adaptados” a vida escolar aqueles que obedecem às regras sem questioná-las e conseguem reproduzir de forma impecável aquilo que lhes foi ensinado? O que faz o aluno ter prazer em ir para a escola e aprender? O espaço escolar atual não se restringe mais ao ponto de vista de políticos, de gestores ou de professores, os alunos e a comunidade não podem ser excluídos desse processo sempre inacabado de construção do sistema de educação. A escola com alunos, carteiras e quadro; professor sob a responsabilidade ao mesmo tempo de ensinar e de supervisionar a disciplina de dezenas de discentes, numa relação predominantemente assimétrica, reproduz ainda em sua dinâmica de valores uma cultura completamente desarticulada com as necessidades atuais. A escola não mais se restringe ao caráter habitual no qual foi relegada por séculos. As inovações tecnológicas aceleradas propiciam aos alunos diferentes formas de interação e constantes oportunidades de aprendizagem que transcendem a sala de aula. O espaço escolar passa a ter um significado diferente do que um dia já foi e que agora precisa ser para atender ao seu papel social. Para Alice Miriam Happ Botler, Melania Santos de Lima e Wiviane Alves Dias em Gestão Democrática: Implicações da Participação da comunidade para a Melhoria da Organização da Escola a lacuna ou o gap existente entre a autonomia democrática garantida pela Constituição da República Federativa de 1988 e a efetiva participação dos intervenientes na gestão das escolas ainda é profunda, distante do ideal democrático. Explicam os autores, “o objetivo é construir uma verdadeira educação com o máximo de contribuição e participação dos membros da comunidade, o que nos leva a perceber que uma gestão de qualidade implica em um trabalho coletivo. Então, toda ação planejada pela escola deverá ser pensada de modo que todos os envolvidos na comunidade escolar juntamente com a comunidade extraescolar devam se envolver para tornar o serviço ofertado pela escola suficiente e satisfatório a todos os membros envolvidos no processo” (BOTLER; LIMA; DIAS, 2012, p. 6). Logo, não se trata apenas de convocar a comunidade e recolher as “doações”, é preciso criar um elo de permanente compromisso e de participação e isso não depende apenas de uma predisposição de ordem legal, mas de uma política e gestão engajadas na delegação de poderes, ainda mais, no compartilhamento deles junto aos processos decisórios da escola. A lei por si só não assegura o processo democrático nas escolas. Com base na teoria da reciprocidade do cientista social Marcel Mauss no qual um “pacto social” se estabelece acordado entre dois grupos por uma conexão de trocas/intercâmbios materiais (de caráter não mercantil e utilitarista) chamado de dons/dádiva. Marcel Mauss não está dizendo que essas comunidades também não faziam trocas comerciais, porém o seu objeto é exatamente as trocas materiais (e espirituais) não comerciais. Sendo assim, a natureza central da reciprocidade está associada com o significado simbólico da tríplice obrigação de “dar, receber e retribuir” estabelecida entre sujeitos por uma sequência de dons/dádivas indissociáveis de suas relações humanas. Logo, trata-se de um modelo complexo de interação que permeia cada aspecto da vida social pela geração de amplos valores de vinculação e pertencimento. A esse respeito, Alexandre Simão de Freitas explica: “Nas sociedades modernas, o conceito de equivalência e a separação das esferas pública e privada veio a subsumir uma formalização adequada do caráter vinculatório que o princípio da reciprocidade enuncia” (FREITAS, 2011, p. 68-9). Nesse sentido, a contribuição de Alexandre Simão de Freitas é fundamental para compreender que, na ótica da teoria da reciprocidade, princípios e valores da prática coletiva antes incorporada como formas inquestionáveis de cooperação mútua passaram agora a ser necessariamente mediados pelo Estado como representação máxima do poder público. Portanto, o Estado seria esse elemento “neutro e mediador” no qual se procura garantir “democraticamente” (ou não) as condições de cooperação social através da garantia jurídica de direitos. Isso significa que as pessoas não mais possuem as experiências de uma cooperação social vinculada com o sentimento de pertencimento a comunidade, elas são concebidas numa sociedade alheia deste processo cultural, por isso a necessidade e a dependência para com o Estado. Este, entendido ampla e equivocadamente como a instituição reguladora e protetora do “bem comum”. Em O papel do professor (a) na consolidação da gestão democrática na rede municipal do Recife de Maria do Socorro Vitor, Vânia Claudia Barbosa Wanderley, Alice Botler e Ana Lúcia Borba (2005) investigam a contribuição dos diretores, vice-diretores, coordenadores e professores na gestão escolar de um colégio pertencente à Rede Municipal de Ensino da Cidade do Recife, a Escola Municipal de Iputinga fundada em dezembro de 1988, logo “nascida” sob as diretrizes da gestão democrática garantidas pela constituição. A conclusão do artigo é muito significante porque destaca não só a importância da atuação dos atores sociais que compõem o espaço escolar (inclusive a comunidade), mas também a relação entre o comprometimento desses indivíduos quando inseridos nas instâncias de poder com certa autonomia e com espaço permanente para as suas opiniões.

A ARMADILHA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTIFICISTA E A INCOERÊNCIA NOS VALORES DA EDUCAÇÃO

Os pressupostos acerca dos problemas da falta de comprometimento e do descaso dos intervenientes com o sistema de educação não se explica apenas observando as aparências das relações diárias dentro da dinâmica do funcionamento de uma escola. Sem compreender os processos históricos que constituem os discursos políticos hegemônicos e as relações de poder e os antagonismos de classes no qual influenciam diretamente as políticas, a gestão e a prática escolar, o pesquisador metafísico se desviará da história e associará os problemas encontrados com o campo cultural pela impossibilidade de comprovar suas hipóteses diante das condições materiais. Em Planejamento educacional e a “modernização” da gestão educacional em Pernambuco, Ana Lúcia Arruda (2013) demonstra as políticas do Estado de Pernambuco no governo de Eduardo Campos para o planejamento estratégico da educação através da execução de teorias da administração de empresas privadas como modelo de gestão das escolas, acompanhando um processo histórico mundial que relaciona o sentido da educação com metas e resultados a ser alcançados, isto é, com pouca ênfase nos meios e nos processos para alcançá- los. A autora aponta os mecanismos de controle que foram sendo efetivados gradualmente nas redes escolares aqui em Pernambuco, desde o PROGESTÃO em 2000 pela Secretária de Administração e Reforma de Pernambuco até a implantação da política de recompensas por resultados em 2007, que busca acima de tudo a produtividade e o desempenho máximo das escolas através da gestão de valores quantitativos comparáveis. A cultura da concorrência desenfreada entre as escolas públicas estaduais mediada por indicadores de produtividade propõe de certo modo a “sobrevivência dos mais fortes”, em outras palavras, daqueles que conseguem alcançar as metas, atender às “expectativas” do mercado. O incentivo a performatividade escolar é construído sob o modelo neoliberal, que prevê um Estado mínimo em suas responsabilidades sociais, uma vez que a “lógica de mercado” (automaticamente) forçará a média de qualidade e desempenho para cima. Os modelos cientificistas da administração de empresas ressignificados pela lógica neoliberal voltada estritamente para os resultados (números) e as “leis do mercado” são adotados pelo Estado e impostos através de políticas educacionais as escolas nos âmbitos federais, estaduais e municipais. O Estado como instância centralizadora de poder submete de “cima para baixo” através da burocracia as diretrizes a serem seguidas, punindo a instituição escolar e todos aqueles (intervenientes) que se desviam das metas. Interessante destacar o sentido contraditório desse “ciclo vicioso”: as escolas consideradas de qualidade (atingiram as metas) recebem mais recursos do que as “deficientes” (não atingiram as metas), ou seja, as instituições com dificuldades e sem recursos ficam esperando “milagres” ou terminam sofrendo com as mudanças repentinas de uma administração mais rígida e punitiva para se “adequar” ao perfil gerencial “moderno”. A autonomia e a inovação da escolha do projeto pedagógico nas escolas, previsto no artigo 15 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e na Constituição Federal de 1988, não conseguem se sobrepor aos interesses materiais do Poder Executivo. Por que a legislação e a transformação cultural não são suficientes para garantir uma escola democrática? NAS AMARRAS DA BUROCRACIA A escola inclusiva se prepara para receber a todos os alunos independentemente de sua condição e crença. Ela compreende o aluno como cidadão que tem o direito à educação e, dessa forma, assume  compromissos políticos e responsabilidades sociais, desenvolvendo procedimentos pedagógicos para acolhê-los. As diferenças sejam elas de classe, de gênero, de nacionalidade, de nível de aquisição educacional, de condição física ou intelectual motivadas por necessidades especiais, longe de instigar a formação de preconceitos representam fatores motivacionais de investimentos, de inovações pedagógicas, de pesquisas e políticas educacionais. Amplia-se assim o acervo de experiência educativa no sentido de promover a educação como direito social essencial para o desenvolvimento da sociedade e assegurado pela legislação brasileira. As diferenças não apenas dos alunos, mas também dos intervenientes responsáveis pelo espaço escolar devem ser apreciadas em sua diversidade de experiências num sentido de cooperação e não de competição como vem sendo realizado. A gestão democrática tem papel fundamental para reverter esse paradigma (competição x cooperação) estimulado pelas políticas públicas, mas isto não se faz a partir dos diretores de escola. O estudo de Iágrici Maria de Lima Maranhão e Luciana Rosa Marques (2014) em Os mecanismos de participação social na escola comprova que somente por força de lei, o Estado não garante a participação efetiva da comunidade nos processos democráticos do espaço escolar, e nem a comunidade em curto prazo faz valer os seus direitos de participação. Esse sentimento de pertencimento ao meio vai além da mera tentativa estatal de usar os mecanismos de determinação legal para propor uma política educacional democrática no país a partir da Constituição de 1988. O sentimento de pertencimento ao espaço escolar não tem a lei como um fim, apenas como um meio subjetivo e legitimador de uma prática material e real. Portanto, uma coisa é promover e incluir a comunidade, outra bem diferente é a sua participação ativa, o que inclui a delegação de poderes. A inclusão democrática da comunidade nas dimensões da prática escolar conforme orienta a legislação nacional não é cumprida rigorosamente desde sua criação até os dias atuais, por consequência, a comunidade (em suas poucas exceções) não se sente verdadeiramente parte integrante e responsável pelo funcionamento do sistema institucional de educação no país. A consequência disso são os poderes legais previstos em lei da comunidade em representar a sua vontade no conselho escolar serem “delegados” para o gestor da escola. Em Pernambuco, desde a gestão de Eduardo Campos em 2007, os diretores indicados pela comunidade são escolhidos pela Secretária de Educação (uma prática antidemocrática), faz um curso de gestão organizado pelo governo e assina um termo de compromisso com as metas do governo. Seguindo os estudos de Per-Erik Ellström (1984) apud Licínio Lima (2011), sobre os modelos de gestão educacional, logo se percebe as divergências quanto aos “objetivos e preferências organizacionais” e as “tecnologias e processos organizacionais” entre as propostas racional, político, de sistema social e anárquico. O texto A escola como organização educativa de Licínio Lima (2011) de onde é citado o excerto acima deixa bem claro os problemas do excesso de burocratização do sistema escolar em domínio das teorias da administração neoclássica adotada oriundamente pelas redes de ensino britânico e incorporadas em quase todo o sistema escolar da esfera ocidental ao longo do século XX.

Texto completo em: http://www.periodicos.unir.br/index.php/LABIRINTO/article/viewFile/1750/1611

The CIPRES Science Gateway V. 3.3

arvore-da-vida

The CIPRES Science Gateway V. 3.3 é um recurso público para a inferência de grandes árvores filogenéticas. Ele é projetado para fornecer à todos os pesquisadores com acesso a NSF XSEDE, grandes recursos computacionais através de uma interface simples navegador. Agora também é possível acessar esses mesmos recursos programaticamente com a CIPRES REST API .

Códigos paralelos de desempenho elevados para o Grande Árvore Inferência e alinhamento de sequências em XSEDE:
RAxML ; MrBayes ; BEAST ; BEAST2 ; Garli ; mafftDPPDIV ; FastTree, jModelTest2 e Migrate-N . Se você precisa de acesso a PhyloBayes , por favor consulte.

Códigos seriais para Tree Inference:
PAUP * (Inferência por Parcimônia); Poy  (alinhamento e inferência);

Códigos de série para Sequence Alignment:
ClustalW ; Contralign ; MUSCULARES ; PROBCONS ; PROBALIGN

Códigos paralelos atualmente suportados pela CIPRES Cience Gateway

Código Versão Língua Compilador Computador Cores
cobrado
biblioteca MPI enfiando outro Software
FERA 1.8.3 Java Cometa 2-48 Java BEAGLE 2.1
BEAST2 2.3.2 Java Cometa 1-3 Java BEAGLE 2.1
DPPDiv 1.0 C ++ GNU Gordon 16 pthreads
FastTree 2.1.8 C Intel Cometa 2 OpenMP
Garli 2.0.1 C ++ Intel Cometa 1 a 24 OpenMPI NCL 2.1.18
jModelTest2 2.1.6 Java Gordon 8 Java PhyML 20120412
mafft 7.187 C Intel Gordon 8 pthreads
MrBayes 3.2.6 C Intel Gordon 8 ou 16 mvapich2 BEAGLE 2.1
Migre-N 3.6.11 C Intel Cometa 1-72 mvapich2
PhyloBayes 1.5a C ++ Intel Gordon 64 mvapich2
RAxML 8.2.8 C Intel Cometa 12, 24, ou 48 OpenMPI pthreads

 

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( Na verdade tem mais de 600GB de conteúdo)

Conheça o Sci-Hub: o Pirate Bay dos artigos acadêmicos

http://sci-hub.io/

scihub

A filosofia é exatamente essa: dar acesso livre a todos os artigos científicos publicados – até agora, e também no futuro. Esse propósito está, aliás, estampado na página de abertura da plataforma (http://sci-hub.io), que clama ser a primeira a prosseguir, e a concretizar, este objetivo. Com quase 50 milhões de artigos no seu portfólio, deve estar, aliás, muito perto de conseguir disponibilizar tudo quanto já se publicou no universo das revistas científicas.

Consultando

O site funciona em três etapas. Primeiro, quem busca algum artigo insere o link ou o código DOI da obra a qual deseja ter acesso. Depois, a plataforma tenta baixar o artigo solicitado buscando por uma cópia no banco de dados LibGen, um banco de conteúdo pirata, que hospeda mais de cem milhões de livros (provavelmente aquele PDF que você nunca encontrou no Google está lá), e que abriu suas portas para trabalhos acadêmicos em 2012 e agora contém mais de 48 milhões de artigos científicos.

No entanto, a terceira etapa é a parte engenhosa do sistema: se LibGen ainda não tiver uma cópia do documento, o Sci-Hub tem uma segunda maneira de ignorar o pedido por pagamento da revista científica: o compartilhamento de senhas. O site conta com uma rede global de compartilhamentos de senhas e acessos a proxies de universidades que disponibilizam para seus estudantes o conteúdo aberto de algumas publicações científicas.

Isso permite que o Sci-Hub encaminhe o usuário direto para o PDF do artigo que ele quer acessar, através de senhas ou proxies universitários, editoras como JSTOR, Springer, Sage e Elsevier. Depois de entregar o artigo para o usuário em questão de segundos, o Sci-Hub doa uma cópia do documento para LibGen, sendo desnecessário acessar novamente o site da universidade na próxima requisição, e o artigo fica então armazenado para sempre, acessível por todos e qualquer um.

Fonte: http://partidopirata.org/conheca-o-sci-hub-o-pirate-bay-dos-artigos-academicos/

A importância dos jogos na aprendizagem da matemática

Título: A importância dos jogos na aprendizagem da matemática
Autor: Santos, Manuel
Orientador: Ramalho, Rui
Palavras-chave: Jogos de estratégia
Teoria dos jogos
Jogos matemáticos
Ensino da matemática
Data: 2010
Citação: SANTOS, Manuel – A importância dos jogos na aprendizagem da matemática.Porto : [ed.autor], 2010. 70 f.Trabalho de projecto não editado.
Resumo: Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da Pós Graduação TIC em Contextos de Aprendizagem. Começamos por abordar alguns modelos de aprendizagem e a importância dos jogos no processo de ensino-aprendizagem da Matemática. Analisamos alguns jogos de estratégia e de cálculo. Fizemos uma pequena incursão pela Teoria dos Jogos de John Nash. Fizemos referência a alguns projectos desenvolvidos no âmbito deste curso nomeadamente de produção de objectos de aprendizagem. Finalmente, usando uma técnica de investigação sociológica (inquérito fechado) procuramos saber a opinião dos professores sobre a utilização e importância dos jogos na aprendizagem da Matemática. As conclusões mais relevantes que tiramos foram que todos os professores inquiridos entendem que os jogos contribuem para motivar os alunos e uma esmagadora maioria pensa mesmo que contribuem para o sucesso dos alunos na disciplina.
This work was developed in the bounds of Post Graduation in ICT in Learning Contexts. We have started to explore some learning models and the importance of games in the learning-process of Mathematics. We have analyzed some games of strategy and calculation. We have done a little research by John Nash´s Games´ Theory. We have made some references to some projects developed in the bounds of this course namely the production of some learning objects. Finally, using a sociological technique investigation (closed inquiry) we tried to know from the teachers the utilization and importance of Mathematics´ games in the learning process. The most relevant conclusions we took, were that all the inquired teachers perceive that the games contribute to motivate students and a large majority really thinks that they contribute for the students´ success in the subject.
URI: http://repositorio.esepf.pt/handle/10000/375
Aparece nas colecções:
PG TIC em Contextos de Aprendizagem

http://repositorio.esepf.pt/bitstream/10000/375/2/PG-TIC-2010_ManuelSantos.pdf

MIT Media Lab: https://scratch.mit.edu/