“Filomenos” brancos e pretos disputam poder

Os fatos que resultaram na morte do prefeito João Jaime Gomes Ferreira Filho têm raízes na história política de Acaraú. Seu avô, coronel José Philomeno Ferreira Gomes, prefeito da cidade de fevereiro a maio de 1936, fundou uma dinastia que vem dominando a política da região do Baixo Acaraú cearense desde aquela época.


A partir dos filhos do coronel, a família dividiu-se em duas facções: João Jaime Ferreira Gomes, pai do prefeito assassinado, liderou o ramo denominado “Filomenos Pretos”. Ele governou Acaraú de 1951 a 1955, de 1963 a 1967 e de 1971 a 1973. Outro filho do coronel, Amadeu Ferreira Gomes, comandou o lado dos “Filomenos Brancos” até ser cassado pelo regime militar e substituído na chefia política por Odete Ferreira Gomes, o terceiro filho.


Odete exerceu mandatos como deputado estadual até o ano de 1986, quando foi sucedido por Manuel Duca da Silveira Neto (“Duquinha”), seu sobrinho.
Quando os Filomenos Pretos ocupavam o poder municipal, os Filomenos Brancos mantinham a vaga de deputado. A família permanecia com o domínio político da área, enquanto os velhos líderes resolviam em acertos familiares quem seria indicado aos diversos cargos existentes.
Como diz o inquérito policial que apurou a morte de Joãozinho, “via-se, portanto, a prática política mais arcaica da democracia da chibata, tanto usada por práticas seculares do poder dos coronéis do Nordeste, notadamente no Ceará”.


Os atritos políticos se radicalizaram à medida que os velhos chefes foram sendo sucedidos por filhos e sobrinhos. Nesta década, a ascensão de Joãozinho ao poder municipal deu-se em guerra constante com o ramo rival.
Acompanhando a administração do município, ele juntou documentos que provariam supostas irregularidades e enriquecimento ilícito dos Filomenos Brancos por meio da manipulação de verbas do Fundo de Participação dos Municípios, desvio de verbas federais destinadas à construção de hospital em Itapipoca (CE) e também na aquisição de equipamentos para a rádio Difusora de Acaraú, controlada pela família, com dinheiro da prefeitura. Esses documentos foram entregues à polícia e incluídos no inquérito. Os Brancos negam tudo. (MVS)

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc10079813.htm

Maior chacina do Ceará Protagonizada pelo Exército e Polícia Militar

Nem todo cearense sabe, mas a maior “chacina” registrada no estado aconteceu, na verdade, há 81 anos quando o Exército Brasileiro e a Polícia Militar do Ceará bombardearam a comunidade do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, na cidade do Crato.

O número oficial do Exército é de 400 mortos, mas fala-se em mais de mil. Não há certeza pois, até hoje, o Exército não informou o local da vala comum onde foram levados os corpos.

A comunidade foi fundada por um filho de escravos alforriados, o Beato José Lourenço, e recebia todo tipo de gente miserável e faminta que buscava refúgio por lá. Toda a produção de alimentos era dividida igualmente e o excedente era vendido na cidade ou trocado por remédios.

Os latifundiários da região não gostaram da situação, pois viram muitos dos seus empregados deixando pra trás uma vida de exploração, para viver na comunidade do Caldeirão. O massacre aconteceu em 1937, a mando de Getúlio Vargas, e com o apoio dos ricos da região da Bahia.